Caxias do Sul 30/04/2025

O que os olhos não veem, o passivo enxerga

Passivos trabalhistas nem sempre estão evidentes e podem causar prejuízos
Produzido por Ciane Meneguzzi Pistorello , 24/04/2025 às 09:04:31
Ciane Meneguzzi Pistorello é advogada
Foto: Luizinho Bebber

Na rotina intensa de quem empreende, é comum que o foco esteja nos números que saltam aos olhos: faturamento, expansão, inovação. Mas há outros números, silenciosos, escondidos entre planilhas e contratos, que podem crescer de forma sorrateira — e causar prejuízos reais. Falo dos passivos trabalhistas.

Nem sempre estão evidentes. Muitas vezes, se escondem em uma cláusula mal redigida, numa folha de ponto inconsistente, ou em práticas internas que se repetem há anos, mas que já não dialogam com a legislação atual.

É aqui que entra a due diligence trabalhista. Um nome estrangeiro, mas uma prática que deveria ser tão natural ao empresário quanto conferir o caixa no fim do mês. Trata-se de uma espécie de "raio-X jurídico" da empresa, uma verificação minuciosa dos documentos e das rotinas que envolvem os colaboradores. O objetivo? Prevenir riscos, corrigir rotas e evitar surpresas.

Não se trata de desconfiança. Trata-se de maturidade empresarial. De entender que um bom negócio não se mede apenas pela margem de lucro, mas também pela sua capacidade de se sustentar com segurança e responsabilidade.

Vivemos tempos em que empresas mudam de mãos com rapidez, e em que investidores buscam não apenas inovação, mas também governança e conformidade. Um passivo oculto pode fazer toda a diferença entre um contrato fechado e uma oportunidade perdida.

Mais do que isso: cuidar da regularidade trabalhista é também respeitar quem faz a empresa acontecer todos os dias — seus colaboradores. E é também proteger quem investe, quem arrisca, quem sonha com um negócio próspero: você, empresário.

Se há algo que aprendi na advocacia é que os maiores litígios quase sempre nascem de pequenas falhas ignoradas. Mas com atenção, preparo e a orientação certa, é possível transformar vulnerabilidades em fortalezas.

Fazer uma due diligence não é apenas cumprir uma etapa técnica. É escolher olhar com profundidade para dentro da própria empresa, e entender que prevenir sempre será melhor do que remediar — especialmente no campo do Direito do Trabalho, onde os reflexos podem durar anos.

A sua empresa está pronta para esse olhar?

Ciane Meneguzzi Pistorello é advogada, com pós-graduação em Direito Previdenciário, Direito do Trabalho e Direito Digital. Presta consultoria para empresas no ramo do direito do trabalho e direito digital. É coordenadora do Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em MBA em Gestão de Previdência Privada – Fundos de Pensão, do Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG.

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