A moda autoral tem conquistado cada vez mais espaço no guarda-roupa da mulher contemporânea, oferecendo uma alternativa para aquelas que amam estilo.
É, na verdade, a representação de um movimento que se preocupa com a redução do impacto ambiental, em contrapartida ao fast fashion, segmento que domina os grandes varejos, um modo de produção industrial em massa que consiste na fabricação, compra e descarte de roupas em ritmo acelerado.
Ao estudar o assunto, deparei com dados da Forbes, que apontam que as peças adquiridas nessas redes são usadas menos de cinco vezes e geram emissão de carbono 400% maior do que os itens slow fashion – caracterizados por coleções de menor escala –, que são utilizados, em média, 50 vezes, e produzidos de forma quase artesanal, com matéria-prima de ótima qualidade e durabilidade, e valorização do trabalho manual.
O processo minucioso e delicado do sob medida possibilita atender todos os anseios do consumidor com sua alta personalização. Assim, existe maior garantia de que os produtos serão realmente aproveitados, sem grandes desperdícios.
Há uma pesquisa do Sebrae que aponta que o lixo têxtil do Brasil alcança surpreendentes 170 mil toneladas e apenas 20% desse material é reciclado. O cuidado com o meio ambiente está em evidência por sua importância e urgência e, por isso, é fundamental conhecermos caminhos para adequar nosso estilo de vida, como o de vestir, neste caso. A confecção em pequenas proporções possibilita destinar de forma satisfatória o material excedente.
A originalidade também ganha espaço: o incentivo ao consumo consciente ratifica que é possível ter peças de estilo sem precisar seguir tendências do segmento. A moda autoral valoriza o processo criativo e a exclusividade. Escolher um artigo feito a mão é investir no único, elaborado especialmente para cada um que participa ativamente de todo o processo de criação, na escolha de cores, tecidos e texturas – aliado à modelagem com estudo de biotipo, que garante uma linhagem perfeita.
Dessa maneira, ao comprar de forma mais seletiva, além de contribuir para questões ambientais, é possível vestir itens que refletem integralmente a personalidade de quem o vestirá.
Autora: Lis Faria é estilista especializada em alta costura, em Caxias do Sul.
