Caxias do Sul 24/04/2024

A transformação cultural nas empresas de mobilidade

As tradicionais indústrias do setor automotivo dão sinais de adequações internas rumo a mudanças significativas no relacionamento entre empresa e colaborador
Produzido por James Bellini, 07/07/2022 às 21:18:40
James Bellini é CEO da Marcopolo
Foto: José Zignani

Mudar o olhar sobre tudo aquilo que nos acostumamos a fazer nem sempre é uma tarefa fácil. Mudar a forma de pensar e abrir espaço para novas ideias são ações fundamentais para perpetuar os negócios, seja qual for o segmento de atuação.

Quando abrimos os jornais e os portais de notícias, os assuntos sobre inovação e uso da tecnologia estão entre os temas mais recorrentes. Entretanto, sempre questiono o que acontece do lado de dentro das companhias e, principalmente, como os colaboradores, que são fundamentais para movimentar a engrenagem da indústria, encaram os desafios diários.

O engajamento dos profissionais e a atenção dada para a transformação cultural dentro das organizações mais tradicionais são fatores relevantes para o sucesso dos negócios. A cultura organizacional é sempre um grande desafio e pode modificar a dinâmica do mercado em um futuro não muito distante.

Recentemente, dados da Pesquisa Global de Cultura Organizacional 2021, realizada pela consultora PwC, com 3.200 profissionais e lideranças em todo mundo, apontam que 72% dos entrevistados acreditam que a cultura organizacional ajuda a impulsionar iniciativas de mudanças bem-sucedidas. Além disso, 54% deles afirmam que se sentem conectados ao propósito das empresas em que trabalham.

Como CEO da Marcopolo, uma das companhias mais tradicionais em mobilidade, faço diariamente esse exercício de provocar nossos colaboradores a pensarem “fora da caixa” e saírem de suas “zonas de conforto”. A reflexão a seguir nos ajuda a entender como os nossos profissionais atuam como agentes de transformação da mobilidade.

Contamos com equipes que vão às ruas, conversam com os clientes, viajam de ônibus e entendem os sabores e as dores de cada um dos públicos com quem lidamos (operadores e passageiros). Desse modo, nossa indústria consegue se adaptar à realidade, que exige cada dia mais passos inovadores e mentes criativas, alinhadas às necessidades e expectativas das pessoas que utilizam os meios de locomoção nas grandes cidades. A utilização da inovação e da tecnologia só são possíveis quando a cultura está alinhada aos novos tempos e as pessoas estão totalmente identificadas com o propósito da empresa.

"Os tempos são outros"

No momento atual, está muito claro que o processo de crescimento de uma empresa depende de uma profunda transformação cultural. Os tempos são outros. Na Marcopolo, essa transformação está baseada em três pilares fundamentais: Transparência, Confiança e Engajamento.

A Transparência é a base para a Confiança. Claro, como podemos esperar um ambiente de confiança se não há transparência? E, para construir essa ponte, precisamos incentivar as pessoas a dizerem o que precisa ser dito, a trazerem os problemas para cima da mesa e, principalmente, a adquirirem o hábito de conversar, de dar feedback.

Já a construção do pilar da Confiança requer mais habilidade, sensibilidade e empenho, uma vez que depende de muitos fatores, inclusive de cunho psicológico, oriundos de crenças pessoais e da própria formação e experiência de vida das pessoas. Porém, a prática da Transparência, com o hábito de estimular conversas entre colegas, líderes e liderados e discutir os problemas abertamente, sempre com sinceridade e muito respeito, gera a Confiança.

Já o Engajamento ocorre quando o ambiente de trabalho da empresa é saudável, quando as pessoas têm um sentimento de pertencimento, quando se sentem confortáveis com o desconforto, isso é, quando elas podem ousar e sair de suas zonas de conforto sem medo, sabendo que terão total apoio de seus pares, líderes e liderados e que errar é permitido e faz parte do aprendizado. E o crescimento da organização está intimamente ligado ao engajamento das pessoas, e é a “cereja do bolo” do processo de Transformação Cultural.

Para finalizar, a experiência como gestor me mostrou que o estímulo contínuo, a provocação para gerar a mudança de “mindset” e, principalmente, dar voz e autonomia para que as pessoas apresentem e executem suas ideias, são práticas que geram satisfação e fazem as pessoas se sentirem importantes, úteis e relevantes para a empresa. E com isso, naturalmente, o resultado aparece.

Sabemos que, há um longo caminho pela frente, mas com determinação e o apoio de todos os colaboradores, não tenho dúvidas de que construiremos um futuro brilhante!

James Bellini é CEO da Marcopolo, com sede em Caxias do Sul, líder na fabricação de carrocerias de ônibus no Brasil e entre as maiores do mundo. Com fábricas nos cinco continentes, os veículos produzidos pela empresa rodam nas estradas de mais de cem países.