Como meninos se transformam em homens de valor? Esse é o nosso questionamento. Embora frágil, é profundo.
Sabemos que a vida e as dificuldades vêm para nos estruturar como pessoas fortalecidas, com mais direcionamento, mais sabedoria, mais discernimento.
Existem os que ficam à margem dos aprendizados, mas também existem os meninos que se transformam em homens de valor. Aqueles que pegam a dificuldade com a mão e tentam dissolvê-la um pouco em cada atitude.
Qual você escolhe ser?
Meninos podem não falar, podem se perder, não ter persistência, não ter força interna desenvolvida. Podem, inclusive, ficar na dependência de outros. Podem não saber para onde ir, o que fazer. Podem se deixar influenciar por qualquer um e por qualquer opinião.
Homens procuram respostas, querem fazer, se propõem a caminhar. Ouvem críticas, refletem, transformam-se e seguem. Sabem que crescer é necessário e que erros fazem parte do grande aprendizado chamado viver.
Homens pedem desculpas, admitem que erram. Afinal, sabem que não são os donos da verdade. Dividem funções, aplausos, dizeres, afazeres e opiniões. Meninos regredidos paralisam. Diante do novo, têm dificuldade em admitir seus erros...
Você se permite ficar leve diante do perceber que errou? Você possibilita que o menino que está em si se transforme em homem? Como você fica diante dessa constatação?
O menino e o homem brincam de esconde-esconde. O homem vai migrando de um para outro. Levemos conosco, do menino, a alegria, a inocência o deslumbramento. Carreguemos também o que deu certo como exemplo; o que não deu, como aprendizado. E, assim, seguimos ao encontro do homem que habita, em alguma medida, todos os homens do nosso universo, principalmente naquele que se permite evoluir constantemente.
Homens carregam o menino que foram no seu “ventre”. Sim, eles estão dentro deles. Ali, na espera do próximo passo, da mão estendida a ajudá-lo, da lição que venha inundá-lo, seguem nessa espera, que é também movimento para tudo diferente se permitir enxergar.
Vi um homem dando a mão para o menino que estava dentro dele. Que bela dupla formavam! Um engrandecia o outro. Um inspirava o outro. E as belas e fortes lições seguiam a juntá-los pela vida afora... Ele sabia agora que o menino que deve seguir a vida inteira junto de si é o que sorri à toa, que enxerga a leveza, que se energiza com as lembranças. É o que ri, que vive, que transforma e não se intimida com o que não sabe...
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.
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