Caxias do Sul 16/06/2025

Construindo o “nós” de uma relação

Cuidar não significa fazer tudo pelo outro, mas, sim, respeitá-lo
Produzido por Neusa Picolli Fante, 31/05/2025 às 09:35:06
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas
Foto: Luizinho Bebber

O amor que sente, sentiu, já ficou preso no passado? Não sendo olhado, investido.

Às vezes, a demanda externa e interna é tanta que nos esquecemos de alguém muito valioso que segue conosco.

Olhar, cuidar e investir é primordial para seguirem os dois juntos, lado a lado...

Como é isso? Cuidar do outro é olhar para a relação? É observar o que ele gosta e respeitar o que não gosta. É investir em sonhos, projetos. E não esqueça, o que é do casal precisa ser sonhado a dois.

Cuidar não significa fazer tudo pelo outro, mas, sim, respeitá-lo. É ter a medida de até onde pode ir nas suas mãos e, assim, se dirigir.

Como você ajuda a construir o “nós” da sua relação? É o questionamento que palpita em mim quando vejo o distanciamento de casais se construir. Quando percebo o eu de um dos dois se sobressair sempre, e o outro se anular.

Lembre-se de que o “nós” se constrói no EU mais outro EU. Não é num atropelando o outro, ou não existindo. É estarem juntos e de mãos dadas, isto é, trocando ideias, construindo um futuro, amarrando partes soltas do passado, alinhavando o desejo de ambos. Quando prevalece sempre o que só um dos dois deseja, o outro não vai se sentir parte da relação. Fica à margem daquela vida que está sendo construída.

Nutrir de vida a ligação é ir se curando até afinar pensamentos e sentimentos. É engrandecer a relação.

Então, quem ganha numa relação é só um, ou os dois juntos? Quando um só ganha, não é união, é um ganho individual.

Quando os dois ganham, é o casal que ganha, é a dupla, é o relacionamento. Afinal, se continuam lutando e indo para o mesmo lado, os dois estão ganhando. Já ganharam, porque permanecem juntos. Isso não significa que não gere discussões, que não haja, em alguns momentos, desentendimentos. Mas tudo isso se move para ir na direção da construção do nós. De um “nós” sólido, consistente, que se ensaia constantemente.

Quando destitui o desejo de um, ele fica à parte, e a distância começa a ser edificada.

Juntos na alegria e na tristeza, na incompreensão de outrora, na fragilidade do momento, nos sentimentos a resgatar. Juntos mesmo que passando por momentos difíceis.

Que bom quando o casal passa por dificuldades unido, mas isso nem sempre é possível. Às vezes, a dor distancia o casal e cada um vai viver num mundo à parte, o que torna mais pesada a dificuldade vivida e a própria relação.

O reencontro acontece quando percebem o distanciamento e desejam se resgatar. Assim, juntos, vivendo alegrias e dificuldades, mas não desistindo um do outro, isso é viver o “nós”.

Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.

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