Caxias do Sul 18/05/2024

A vida é uma corrida e os pit stops são necessários

Livro escrito pelo ex-piloto Alex Dias Ribeiro traz lições para conduzir a vida com sabedoria como nas pistas
Produzido por Luiz Carlos Secco, 02/04/2024 às 08:31:10
Luiz Carlos Secco é jornalista especializado em cobertura do setor automotivo
Foto: ARQUIVO PESSOAL

Vou compartilhar com vocês as emoções que senti durante a leitura do livro com o título “Muito Além de Sucesso Significado”, de autoria do ex-piloto Alex Dias Ribeiro, e enriquecido com o prefácio do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi. Esses dois esportistas defenderam a equipe Fittipaldi na condução do primeiro e único Fórmula-1 até hoje produzido no Brasil.

A mensagem mais importante é que, segundo Alex, na vida, como em uma corrida, muitas vezes as paradas são indispensáveis para nos revigorarmos e aperfeiçoarmos a nossa existência. Para Alex, a vida é longa e não é feita de apenas uma fase. Ele lembra que algumas dessas várias fases são boas e outras desafiadoras, e que, justamente nessas, não podemos perder a fé em Deus porque, com Ele, encontraremos as forças necessárias para superar qualquer drama.

E foi justamente em uma dessas fases desafiadoras que Alex se inspirou para escrever o livro. O desejo surgiu um dia em que estava com Emerson Fittipaldi, quando os dois integravam a equipe Fittipaldi de F-1 que iria encerrar as suas atividades. Naquela época, ambos encontraram o ex-Beatle George Harrison, e Alex sentiu que o músico estava deprimido com o encerramento da famosa banda, o mesmo drama que ele estava enfrentando na Fórmula-1 e a vida havia perdido inteiramente o sentido.

Mas o contato com George Harrison o fez refletir e Deus lhe deu forças para superar a fase deprê e escrever “Muito Além de Sucesso Significado”. O livro contém mais um capítulo da história do piloto em suas carreiras esportiva e religiosa. As emoções começam com o prefácio de Emerson, com um surpreendente e belo texto que, como num palco, abre o espetáculo com a descrição de um acidente que sofreu a mais de 300 quilômetros por hora. Apesar da seriedade do acidente, dias depois, quando acordou, no hospital onde foi socorrido, o ambiente de fortes emoções continuou a surpreender, quando Alex Dias Ribeiro, o primeiro a visitá-lo, entrou com uma Bíblia na mão, o que fez Emerson, com forte dose de humor, soltar uma frase mesclada de ironia e diversão: “Era só o que faltava, o Alex vir aqui para me dar a extrema unção”!

O ex-piloto Alex Dias Ribeiro e seu livro

(Foto: Arquivo pessoal Alex Dias Ribeiro/Kräling da Rallye Racing)

O livro, pleno de histórias excitantes e de revelações surpreendentes, agita os corações e transmite lições ao leitor - o que na vida normal poderá ocorrer, mas ao longo de muitos anos. Por transmitir riquíssimos exemplos, o livro deveria ser leitura obrigatória a estudantes em cursos para adolescentes. A leitura do livro daria aos jovens, além de informações esportivas, uma importante experiência religiosa como Alex herdou de sua família e o transformou em integrante do segmento Cristo Salva.

Por essa vivência religiosa fora das pistas, foi comentarista esportivo, radialista, mentor e capelão. Dirigiu a missão Atletas de Cristo por mais de 20 aos e a coalisão internacional dos ministérios esportivos e exercido influência positiva na vida de milhares de atletas de diferentes modalidades. Como capelão, participou dos Jogos Olímpicos de Seul, Atenas, Pequim e Londres e das Copas do Mundo de 1990, 1994, 1998, 2002 e 2006, motivando os atletas de Cristo da seleção brasileira de futebol.

Em um dos capítulos do livro, Alex explica que, em 1974, no seu primeiro ano na Fórmula-3, começou a preocupar o inglês Brian Henton, que era piloto de uma das fábricas e, ao tentar ultrapassá-lo, recebeu uma fechada que o obrigou a ir para o acostamento da pista para evitar o acidente, em velocidade superior a 200 quilômetros por hora. Alex conseguiu voltar à pista e chegou em segundo lugar, logo atrás de Brian. Após a corrida, ao encontrar-se com Brian, Alex perguntou se acreditava na vida eterna e acrescentou que, se for fechado numa próxima vez, não vai aliviar a velocidade e os dois irão sofrer o maior acidente da história e que, para ele, Alex, a morte não é o fim, mas a largada para a vida eterna. O piloto inglês surpreendeu-se com a pergunta de Alex e ficou de olhos arregalados. Depois, seguindo as orientações de Cristo, Alex relevou o recurso adotado por Brian e ficaram amigos. E no final, o inglês foi o campeão e Alex, o vice.

Entre as histórias de corridas, Alex lembrou de uma das criações de Nelson Piquet, que às vezes surgia com uma novidade para confundir os planos dos adversários. Alex contou que Piquet e seu engenheiro Gordon Murray fizeram os cálculos de gasolina necessária para o percurso total da corrida e concluíram que, se usassem menor quantidade, o carro ficaria mais leve e se tornaria mais rápido que os adversários e que uma parada compensaria o tempo perdido para reabastecimento e troca de pneus. Adotando essa estratégia, Alex explicou que, com essa tática, Piquet e Murray surpreenderam o francês Alain Prost e conquistaram a vitória e o título de campeão mundial, em 1983. Logo em seguida, as demais equipes adotaram o mesmo esquema.

Alex Dias Ribeiro e Brian Henton disputando na pista, em 1974

(Foto: Arquivo pessoal Alex Dias Ribeiro/Kräling da Rallye Racing)

Alex disse que, se considerarmos a vida como uma corrida, em qualquer fase da nossa existência, muitas vezes as paradas são indispensáveis para:

* Reparar os danos causados pelo desgaste físico;

* Aprender que ninguém vence sozinho, porque a vida é um jogo de equipe;

* Aumentar a dependência de Deus e dos membros da equipe, da família, amigos, professores, patrões e demais colegas;

* Descobrir que as paradas não são o fim da linha, nem mesmo um lugar definitivo, porque a vida é cíclica, assim como a natureza;

* Faz lembrar que sempre é possível dar a volta por cima, porque cada ciclo termina em um espiral e o inverno nunca foi o fim. Por maior que seja o problema em que estiver envolvido, a primavera está a caminho com o seu esplendor e depois chega o verão com todo o seu calor;

* Descobrir que o sofrimento nos aproxima de Deus e nele está a esperança de dias melhores, não só aqui neste mundo, mas por toda a eternidade.

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Luiz Carlos Secco trabalhou, de 1961 até 1974, nos jornais O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde, além da revista AutoEsporte. Posteriormente, transferiu-se para a Ford, onde foi responsável pela comunicação da empresa. Com a criação da Autolatina, passou a gerir o novo departamento de Comunicação da Ford e da Volkswagen. Em 1993, assumiu a direção da Secco Consultoria de Comunicação.

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