POR SILVANA TOAZZA
A professora na vida profissional deu espaço à “narradora de si mesma” na maturidade, quando a aposentadoria (ou melhor, "transição de carreira", como define), fez aflorar ainda mais seu apreço pela literatura. Não apenas como leitora, mas também e, sobretudo, como escritora.
E, assim, Marilia Frosi Galvão desafia a si mesma e brinda os leitores (inclusive deste portal de notícias, onde integra o time de colunistas fixos), com sua segunda obra. “Tudo é Momento”, um encontro de 40 crônicas, com pitadas de outros estilos literários, como resenha e ensaio, chega às mãos do público que contempla a beleza lírica contida na vida aparentemente comum, cotidiana, trivial.
O lançamento, com coquetel e sessão de autógrafos, ganha moldura artística nesta quinta-feira (12 de setembro), a partir das 18h, na Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim, junto à Casa da Cultura, em Caxias do Sul. O evento é aberto ao público. Será uma confraternização coletiva, e não precisa de convite individual, como frisa a escritora.
Olhar sensível e aguçado
No livro, recheado com 200 páginas, sabores, saberes e encantos se entrelaçam em textos confessionais. Marilia não escreve. Ela conversa com o leitor. Troca. Desabafa. Conjectura. Instiga. Nas reticências, deixa espaço para a interlocução com o público, ou mesmo com a sua... consciência. Tem um olhar aguçado que exprime sentido e reflexões daquilo que poucos enxergam.
Em “Tudo é Momento”, fluem temas ligados à literatura, a uma Caxias do passado, a lembranças desde a infância, a temperos gastronômicos, praia, moda, leituras, liberdade feminina. Suas várias facetas de vida perpassam a sua obra. Por vezes, surge a moça recém-casada. Noutras, seu lado sonhador e admirador de reconhecidos escritores e escritoras, que fizeram história por seus escritos, mas também por seus comportamentos de vanguarda. Ao ler esta obra, o leitor será conduzido a um passeio em um tempo em que o amor rege as relações, o entusiasmo dita o ritmo dos dias e a sutileza das palavras toca as profundezas d’alma.
Marilia tem o poder de encantar tanto pessoalmente quanto em sua produção literária. Parece fisgada de um filme parisiense, com o glamour de quem sabe utilizar a moda, seu estilo pessoal e generosas doses de carisma para criar uma persona singular. Ler seus textos é tão descortinador de sua percepção de mundo quanto seria desfrutar do privilégio de conversar com ela em um café francês, ou mesmo em Caxias do Sul.
Neste livro, ela opta por desacomodar. Seu olhar alcança histórias e percepções não óbvias. Não há assunto tabu. Existe, sim, muita sensibilidade e percepção aos detalhes. Não por menos, Marilia Frosi Galvão sabiamente define-se como “a catadora de crônicas”.
Marilia foi professora antes de ter tempo para dedicar-se com afinco à literatura (Foto: Severino Schiavo)
Desvelando-se escritora já na maturidade
A obra “Tudo é Momento” dá sequência à imersão literária de Marilia Frosi Galvão após um hiato de oito anos, desde a publicação de seu livro de estreia, intitulado “Fagulhas”, também de crônicas, em 2016.
A cronista mergulhou no universo da escrita e produção de textos autorais após a transição de carreira, como conceitua o processo de sua aposentadoria. Tendo dedicado sua trajetória profissional a atuar em escolas como professora de português e literatura (para o Ensino Médio) e técnicas de redação (para estudantes do pré-vestibular), só na maturidade a autora conseguiu dedicar-se com mais afinco à sua paixão pelos livros. Não apenas como leitora, característica sua desde a infância, mas também, e sobretudo, como escritora.
Formada no Curso de Licenciatura Letras Português-Francês, sempre foi encantada por ler, estudar e conhecer autores, de clássicos a contemporâneos. Mas escrever exigia tempo e dedicação, atributos que não combinavam com a rotina de quem se ocupava com escola, alunos, correção de provas, preparação de aulas e planejamento.
Na "transição de carreira", quando encerrou seu ciclo como “profe”, entrou em cena a cronista. O tempo livre permitiu que Marilia mergulhasse em oficinas literárias e de crônicas com autores locais e gaúchos, além de encontros com escritores na região e no país. Era preciso exercitar a escrita. E, assim, a cronista emergiu, “desabrochou”, como define.
“Com a transição de carreira, tive tempo para fazer as coisas que eu não pude fazer antes. Fui dedicando-me a mim mesma, me inserindo mais no universo literário, desabrochando e me encantando com essa nova faceta que estava adormecida”, define a escritora.
Nunca é tarde para realizar sonhos. Nunca é tarde para desabrochar. Porque “Tudo é momento”, título e fio condutor de sua nova obra.
Por que esse nome?
"Eu demonstro uma preocupação com o tempo. Mas, afinal, o que é o tempo? A gente passa pelo tempo ou o tempo passa por nós? A gente lembra de momentos e não dos dias. A vida é uma sequência de momentos, alguns deles ficam cravados em nossa lembrança”, teoriza a autora.
Apesar de sentir-se realizada e feliz, uma vez que nunca imaginou-se lançando livros (“tudo foi acontecendo”), Marilia diz que de forma alguma entende que a sua missão está cumprida. Pretende continuar escrevendo e filosofando, pois tudo é momento. Sempre é tempo.
LIC Municipal
O livro “Tudo é Momento” recebeu financiamento via Lei de Incentivo à Cultura (LIC) Municipal, vinculada à prefeitura de Caxias do Sul, e conta com apoio cultural do Instituto Elisabetha Randon e da Imobiliária Bento Alves.
A escritora e sua nova obra também integrarão a programação de sessões de autógrafos da Feira do Livro de Caxias do Sul, em outubro.
Capa assinada pelo designer gráfico Ernani Carraro
Programe-se
O quê: lançamento do livro “Tudo é Momento”
Quando: coquetel com sessão de autógrafos na noite de 12 de setembro (quinta-feira), a partir das 18h
Onde: Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim, junto à Casa da Cultura, em Caxias do Sul
Endereço: Rua Dr. Montaury, 1.333, Centro
Preço da obra, a ser vendida no local: R$ 50
Viabilização: Livro recebeu financiamento via Lei de Incentivo à Cultura (LIC) Municipal, vinculada à prefeitura de Caxias, e conta com apoio cultural do Instituto Elisabetha Randon e da Imobiliária Bento Alves.