Caxias do Sul 23/10/2025

Sopros de vida

Relacionamentos precisam ser revistos, modificados ou reconstruídos constantemente
Produzido por Neusa Picolli Fante, 22/10/2025 às 08:45:52
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas
Foto: Morgane Coloda

Falar de casais é esculpir uma relação com acertos e erros e, acima de tudo, com tentativas. Pode ser não bem construída, ou então dando passos significativos para andar mais próximos de um relacionamento saudável. Os passos de um se misturam com o do outro.

Existe um relacionamento que necessita ser revisto, modificado ou reconstruído constantemente. Uma relação onde são dois que comandam a vida e a sequência de como se constroem.

Ela não via, não enxergava um lindo futuro com ele, e isso travava os pés do casal. Os dois ficavam num impasse, não conseguiam ir além e nem fazer mais.

Num outro lugar, ele fez o futuro e levou-o até perto dela; ela não conseguia entrar. Existem relações em que um se deixa levar pelo outro e andam assim até um dos dois frear. Vê-se um futuro mais promissor quando ambos lutam pela relação, pela união, pelo entendimento. Esse é o relacionamento que tem perspectiva de ir além.

Revisitar a relação é crescer, é se desenvolver, é fazer diferente, é nunca parar de tentar.

Quando ficar com alguém é mais solitário do que ficar só, um dos dois está vivendo sozinho as coisas boas e as ruins também, sem perspectiva de se tornar um casal.

Quando, ao contrário, estão unidos, mantêm-se próximos na alegria e na tristeza, na incompreensão do momento, na fragilidade de outrora, nos sentimentos a resgatar, no desejo de algo novo juntos a alcançar. Assim, unidos, vivem a felicidade e as dificuldades daquele momento: parceiros de uma vida, de comprometimento, de companheirismo, de jornada, de objetivos comuns, de resgates.

“Te ofereço meu silêncio, mas do teu lado ficarei”. Em algum lugar escondido no coração do mundo ouviu-se o som da verdade marcando território.

É nas relações que se percebe quem cresceu, quem se desenvolveu e quem ficou no caminho, vivendo num faz de conta e não saindo da infantilidade. É ali que se mostra a transformação de meninos em homens de valor e as mulheres podem deixar a menina assustada no passado e assumir uma nova etapa nas suas vidas.

Existe os que, por alguma razão, ficam à margem do caminho, esperando algo que não semearam.

Para construir a relação, é preciso que exista um eu que respeite um outro eu, pois, para ser casal, são dois “eus” somando forças e distinguindo direcionamentos.

Não se pode avaliar ou mesmo medir-se pelo olhar do outro. Quando falta algo dentro como referência, fica uma lacuna aberta esperando que se construa ou que alguém a complete. Olhar para si, independentemente do que o outro pensa ou fala, se torna prioritário.

Construir uma vida a dois é validar sonhos que podem não ser os seus. Mas que exista a torcida de um para com o outro, pelo amor que sente ao seu parceiro, para que ambos atinjam seus objetivos. Assim, ficam os dois juntos enxergando o infinito e se propondo a trilhar um novo e valioso caminho.

Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.

Da mesma autora, leia outro texto AQUI