Não aprendi a coisa certa, quando devia ter aprendido, e isso me fez mergulhar num caminho de buscas infinitas por algo que até ali não havia estruturado dentro de mim.
Corri incansavelmente atrás de um aprendizado que passou a ter coerência no meu íntimo. E assim veio outro aprendizado, mais outro, e lá fui eu... Foi ali que passei a ver diferente: valores, limites, vínculos, relações, vazios, pendências, entre muitos outros assuntos. Percebia agora como eles se construíam internamente, e as mudanças necessárias para ampliar meu olhar.
Quantos de nós não se sentem assim... Partindo pela vida, com uma lista enorme de instruções a percorrer. As experiências vão se somando, e nosso olhar sobre elas volta a nos alcançar...
Os humildes seguem com o olhar no horizonte e no aprendizado, e o coração perplexo de estranheza, de muita coisa ser diferente do que aprenderam, de como acreditavam ser... Os outros, nem se permitem ver que é fundamental mudar, evoluir, crescer – acreditam que é o outro que necessita se adaptar ao seu jeito de ser.
Quanto a mim, percebo que não aprendi os gestos certos, as palavras certas. Será que existe a palavra ou o gesto certo? Vi muitas vezes que não existe o certo ou o errado. Mas a busca pela felicidade existe, é coerente querer ser feliz. Será que, nesse jogo de cartas marcadas, jogo as cartas certas para ser feliz?
Principalmente, compreendi que não aprendi como ser uma boa mãe para mim mesma, promover acolhida e me amparar quando a vida e as pessoas me desafiam. E isso me rendeu muitas buscas e, consequentemente, mudanças internas, que me transformaram infinitamente...
Fui reforçada em alguns papéis, mas também, sem querer, reforço o outro sem me dar conta, no seu papel de frágil, de inquestionável, entre muitas outras coisas. E, assim, nessas percepções, vou ao encontro de metamorfoses alinhavadas passo a passo que se efetivam no meu ser - conforme vou criando consciência e permitindo a mudança adentrar em mim.
Sei, acima de tudo, que o aprendizado está em constante transformação, ele muda a todo momento. Os anos passam, as experiências promovem alterações, o que está em mim se desenvolve e cresce. Além disso, tudo se torna obsoleto a todo instante - em mim e em você também... O novo é bem-vindo na minha vida, ele me faz desejar continuar e enxergar sempre coisas novas e assim me modificar. É nesse continuar que me sinto - sempre em busca...
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.
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