Caxias do Sul 18/05/2024

Segue comigo

Na amplitude de um olhar que desenvolvo em cada novo ciclo, conheço um pouco mais de mim
Produzido por Neusa Picolli Fante, 30/09/2022 às 09:36:34
Foto: Morgane Coloda

Nos caminhos por onde ando, com os aprendizados que construí, na minha mente, ou no meu coração, sigo a me fortificar para que eu esteja cada vez mais presente. Segue junto a mim a vida como a sinto, com pessoas me repassando o melhor e o pior delas. Tudo isso continua constantemente comigo... palpitando dentro de mim... é minha força e minha fraqueza.

Mas... fui transformando o que aprendi. E acredite, muito ainda tenho para direcionar e fazer diferente, para continuar aprendendo, modificando e seguindo em frente.

Seguem comigo os números que me encontram, as tabelas que olho e sobre elas recrio o entendimento, as regras que sigo, as mudanças pequenas e grandes em que invisto no meu trabalho, nas minhas relações, e o olhar de mudar estruturas internas, ou seja, pensar e sentir diferente de como aprendi. Ou, muito importante, saber por que sinto o que sinto, daquele jeito. Tudo isso se torna um desafio.

Na amplitude de um olhar que desenvolvo em cada novo ciclo, conheço um pouco mais de mim, de como me construí e do que ainda posso modificar.

Percebo que tenho raízes fortes, presas ao chão, mas às vezes me soltar é preciso, repensar muita coisa se faz necessário. Mudar rotas e alterar maneiras de ser e de me relacionar com as pessoas que me acompanham no dia a dia, se tornam um grande desafio.

Seguem comigo a segurança, a indecisão do momento, as ambivalências presas às minhas memórias, a minha história... Mas, principalmente, o meu desejo de ser melhor, de crescer no meu trabalho, crescer comigo mesmo, de me desenvolver, de me relacionar melhor com as pessoas nos vários ambientes em que convivo.

E é nesse caminho que sigo, procurando, num primeiro momento, ser melhor comigo mesmo, ou seja, me acolher nos momentos difíceis quando ninguém mais enxerga...

Segue comigo o professor que disse "vai, você consegue”. Ainda hoje, quando fico inseguro e não sei direito para onde ir, como fazer, lembro dele e busco ajuda, referências.

Também segue comigo a avó que me acolhia sempre, com seus braços que me alcançavam em todos lugares. Enquanto para alguns da família eu não tinha valor nenhum, e eles faziam questão de deixar claro, outros levo comigo como um amuleto que me acompanha para sempre.

Busco integrar os registros das pessoas de valor que passaram por mim, nas várias partes do mundo em que vivi. No meu presente, com o eco dos registros de valor ou desvalor que chegam, consigo transformar alguns deles.

Olho para o que tenho internamente, transformo o que não tive e sigo no que acredito e que constantemente reconstruo.

Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.

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