Caxias do Sul 28/05/2025

Qual o seu medo?

Apesar de ser um sentimento universal, a sua intensidade precisa ser cuidada
Produzido por Neusa Picolli Fante, 30/04/2025 às 08:32:48
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas
Foto: Morgane Coloda

Medos, incertezas, temores nos tiram as forças e a direção. Eles são os ventos fortes que sopram em nossa vida. Precisamos aprender a nos dobrar diante da sua fúria, não a quebrar.

Sabemos que o medo é um sentimento universal. Todos sentem. O que difere e precisa ser cuidado é a intensidade desse medo uma vez que ele mobiliza e causa desorganização nas pessoas.

Medo escondido, explícito, está presente em nós. Medo que nos esconde de nós mesmos, que desconhecemos a razão disso acontecer.

Medo que somatizamos no corpo, isso é, existem reações do nosso organismo diante do sentir medo. Essas reações liberam hormônio de estresse, preparam o organismo para fuga ou luta, aumentam a pressão arterial, alteram a frequência cardíaca. Causam a dilatação das pupilas, diminuem a concentração, enrijecem os músculos, entre muitas outras sensações que podem existir.

Os medos podem ser normais, excessivos, controlados, transtornados. Eles podem se apresentar por medo normal e medo patológico.

Podemos caracterizar o medo como um estado de alerta, isso é, compará-lo a um alarme. Enquanto o medo normal é sadio, respeitoso, é um alarme eficiente, o medo patológico é aquele medo desregulado, que deixa o indivíduo alerta o tempo todo. O alarme dispara muitas vezes em sinal de perigos baixos tornando as pessoas vítimas de falsos alarmes.

Enquanto a ansiedade é um medo antecipatório, o medo não cuidado pode se tornar fobia, entre tantas facetas que o medo pode nos mostrar. Acontecimentos traumáticos da nossa vida também podem remeter a lembranças de medos que nos ocorrem, nos fazem inverter direções. Medo que nos arrasta para sensações intranquilas.

Existe o medo irracional, que nos distorce, nos flagela, nos machuca. Mas também existe aquele que nos ajuda, que nos protege, que nos possibilita fazer escolhas pela prudência e pela vida. Mas a busca pela serenidade, pela paz, vai além do medo sentido e do indecifrável. O medo de mergulhar na dor também está presente nos nossos dias.

Reconhecer nossos medos, nominá-los e expressá-los é dar a mão para eles, e amparar essa angústia que está dentro de nós. Isso os torna menores, mais ao nosso alcance.

Carregamos em nós alguns medos: o de ser julgado, mal interpretado, de não agradar, de sofrer, de ser aceito, de fracassar, entre muitos outros que necessitamos, constantemente, acolher e direcionar. Inclusive quando nos sentimos diminuídos ou fracos, quando não damos conta do que se apresenta. Também, quando a força de seguir, de tentar encontrar saídas, some dos nossos pés.

Hoje, tornamos os seus medos visíveis para você olhá-los e, pouco a pouco, compreendê-los melhor, a fim de que o medo de ter medo ache acolhida e se transforme em você.

Você tem medo do quê?

Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.

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