Caxias do Sul 03/05/2024

O Trem do Papai Noel

Um conto natalino em que os duendes fazem um pedido especial
Produzido por José Clemente Pozenato, 20/12/2023 às 17:13:07
José Clemente Pozenato é escritor e autor do aclamado “O Quatrilho”
Foto: Marcos Fernando Kirst

Faltava só uma semana para o Natal.

Papai Noel tinha recebido encomendas do mundo inteiro, do Polo Norte até o Polo Sul: eram pedidos de bonecas, de carros, de roupas, de livros, de sapatos e muita coisa mais.

Papai Noel já tinha conferido na sua lista esses pedidos, para ver quais vinham de crianças bem comportadas, que tinham largado a chupeta, que tinham estudado direitinho, que não tinham brigado com ninguém, que tinham obedecido aos mais velhos. Só quem estava na lista ia ganhar os presentes.

As encomendas estavam já todas prontas, em pacotes coloridos, amarrados com fitas. Os duendes do Papai Noel tinham feito esse trabalho, dia e noite, noite e dia. O depósito estava entupido até em cima. Sem contar que na última semana podiam ainda chegar outros pedidos, daqueles que deixam para a última hora.

Pois, uma semana antes do Natal, Papai Noel foi ver como estava o trabalho dos duendes. Estava tudo certo, bem feito, como todos os anos.

Então aconteceu uma coisa que Papai Noel não esperava...

Um grupo de duendes fez uma roda ao redor dele e um deles pediu para falar:

- Pai Noel, a gente nunca pediu nada para o senhor. Mas desta vez tivemos uma ideia...

Parou, meio encabulado, nunca tinha feito uma coisa dessas. Papai Noel abriu um sorriso e disse:

- Pode falar, estou curioso...

O duende ganhou coragem e continuou:

- Acontece que a gente nunca viu tantos presentes. É uma montanha de pacotes.

Interrompeu-se de novo. Papai Noel esperou.

- A ideia que a gente teve foi a seguinte: ao invés de usar o trenó, que é pequeno, a gente podia usar um trem, que é bem grande.

Papai Noel deu uma risada:

- E as renas vão conseguir puxar o trem? Pobrezinhas!

O duende já tinha a resposta pronta:

- O trem é elétrico, não precisa ninguém para puxar. As renas podem ficar aqui descansando. Ou então, só fazem as entregas nas casas que têm chaminé. Os edifícios nas cidades, hoje, quase nenhum tem chaminé.

Papai Noel coçou a barba, pensando. Depois de um tempo falou:

- Não é uma má ideia, essa de vocês. Podemos pensar no caso.

Os duendes bateram palmas, contentes. Papai Noel agradeceu, rindo, e depois falou:

- Sabem que isso me deu outra ideia? Quando a gente for entregar os presentes, podemos aproveitar o trem e dar uma carona para as crianças que a gente encontrar. As crianças bem comportadas, é claro. Elas vão ficar felizes.

Se alguém encontrar um trem cheio de crianças, no Natal, pode ter certeza: é o trem do Papai Noel!

José Clemente Pozenato é escritor e autor do aclamado “O Quatrilho”, que foi adaptado ao teatro pelo grupo caxiense Miseri Coloni; ao cinema por Fábio Barreto, concorrendo ao Oscar e transformado em ópera.

mail pozenato@terra.com.br

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