Caxias do Sul 19/04/2024

O que falta neste início de 2021?

A economia depende de um ingrediente que vem sendo colocado em xeque de forma recorrente
Produzido por Silvana Toazza, 15/01/2021 às 13:22:29
Foto: Liliane Giordano

Sempre que um ano começa, inicia com ele uma nova esperança de mudar a chave e fazer diferente. São energias que fluem na forma de um calendário em branco com muitas possibilidades a preencher. Uma injeção de ânimo.

Depois de um ano tão difícil e conturbado quanto 2020, quando o mundo foi submetido a uma de suas maiores provações por conta da Covid-19, a expectativa era de que 2021 intensificasse um movimento de retomada econômica que já havia sido ensaiado nos últimos meses do ano passado.

Não quer dizer que esse movimento não esteja acontecendo (muitas empresas e setores aplaudem), mas 2021 começa com uma ausência imprescindível à economia. Muitos dirão, a vacina contra a Covid-19. Sim, perfeito.

Mas aqui quero me ater a um ponto que possivelmente a chegada da vacina possa ajudar a devolver ao cenário econômico: a confiança.

Sim, o que nos falta hoje é CONFIANÇA. E, tanto na economia quanto na vida, que se fundem, esse é o combustível vital. É ele que faz com que o empresário invista, com que o trabalhador utilize seus ganhos, com que os empregos sejam assegurados. E assim a engrenagem gire.

Quando há incertezas no horizonte, o empreendedor não amplia o negócio, o trabalhador recua e guarda o dinheiro com temor do desemprego. A vida fica em standby. Aí, você leitor, questionará: ok, mas esse cenário da pandemia já estava gerando incertezas e afastando a confiança, o que há de novo?

Verdade. Porém, com a proximidade da vacina, a esperança era de que a normalidade e a curva de ascendência na retomada dos negócios estavam próximas. E isso gerava uma expectativa benéfica. Porém, o público começou 2021 com uma sucessão de fatos que representaram baldes (ou oceanos?) de água gelada num momento em que parecia que o trem voltaria aos trilhos.

Entre esses baques que ampliaram o desconforto sobre o cenário estiveram as notícias envolvendo o setor automotivo, com destaque para o anúncio do fechamento das três fábricas da Ford no Brasil, o que gerará a demissão de 5 mil profissionais. Essa saída da montadora do país, após mais de 100 anos, provocará efeito em cadeia na rede de fornecedores e sistemistas, com reflexos inclusive no polo metalmecânico da Serra.

O Banco do Brasil também comunicou a decisão de fechar 361 unidades (incluindo 112 agências, sete escritórios e 242 postos de atendimento) no país. Outros 5 mil funcionários serão desligados.

Na Serra, a Yoki encerrará as atividades da fábrica de Nova Prata, concentrando a produção de pipoca em Minas Gerais.

Esses são apenas três casos emblemáticos, mas a sucessão de golpes duros na confiança do país é extensa, intensificada pelo crescimento exponencial dos casos de Covid-19 e pelo colapso dos hospitais sem oxigênio em Manaus (Amazonas).

Uma dura realidade da falta de estrutura do país e de estratégias para suportar esse momento de grave crise econômica e sanitária, prejudicada por disputas políticas.

A economia vive de algo subjetivo, que chama-se confiança. A despeito das incertezas, muitos profissionais e empresas estão fazendo a sua parte e nadando contra a maré, inovando, se reinventando, criando soluções em meio ao caos e colhendo resultados impressionantes.

Que sejamos brindados com a volta da confiança em breve, com a vacinação em massa, com menos notícias-bomba de fechamento de empresas e desempregos. Mas, enquanto isso, não dá para assistir a tudo e reclamar. Ao lado de preservarmos nossa saúde e dos nossos próximos com o bom-senso, que façamos a nossa parte, no que é de nossa responsabilidade, para impactar positivamente esse mundo.

O país e as famílias choram a partida precoce de seus entes queridos. Temos de nos solidarizar a essa dor coletiva. Mas nem tudo está perdido. É em contextos bastantes áridos que muitas ideias e inovações brotam! Sejamos protagonista, e não vítimas!

Leia também:


Montadoras desaceleram no Brasil e preocupam a economia