Caxias do Sul 05/05/2024

O amor ficou preso

Quantos sentimentos não ficam acomodados nesse lugar, sem recursos para seguir adiante?
Produzido por Neusa Picolli Fante, 16/01/2024 às 09:23:38
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas
Foto: Morgane Coloda

E foi ali, nesse momento, que o amor ficou preso num canto escuro qualquer. Quantos não ficam acomodados nesse lugar, sem recursos para seguir adiante e nem para discernir o que está acontecendo?

Onde está o amor que você sente, que um dia sentiu? Ele cresce, se desenvolve, ou fica sufocado sem saber o caminho, sem imaginar a direção, sem saber onde ir e nem o que fazer?

Quantos não ficam acomodados nesse lugar, sem recursos para seguir adiante. Onde está o amor que você sente, que um dia sentiu?

O que sobrou do nós que um dia existiu: desamparo, dor, saudade, plenitude, encantamento... Esse “nós” realmente era um “nós”, ou se deixou levar pela ilusão de um novo começar?

Às vezes, caímos na rotina e necessitamos de algo que nos desperte novamente. Isso só será possível com a autorização do casal, com o consentimento pra se fazer enxergar o que não viam, com a acolhida um do outro. Olhar de frente o que está acontecendo e o desejo de reconstruir a relação é o que impulsiona um novo recomeço, não se esquecendo de que, para reconstruir a relação, necessita-se dos dois...

Acima de tudo, o amor genuíno precisa estar presente. Sabe aquele amor saudável, que empurra pra vida? Aquele que compreende que ninguém é perfeito, que perdoa, que se perdoa, que não esmorece, que tem raízes construídas ao longo dos dias...

Às vezes, os dois estão brigando incansavelmente e não se dão conta de que estão do mesmo lado – não é incomum isso acontecer.

É ensurdecedor sentir-se assim e perceber as pessoas nesse lugar não alcançando o chão.

Não enxergam o emaranhado de emoções e a incoerência em que estão. Não têm consciência e vão piorando a relação, se distanciando, não falando, não interagindo.

O que ficou daquele amor? Migalhas, restos, desamparo, solidão ou plenitude, aprendizados, solidariedade, parceria... Em algum momento, se faz necessário ver o que sobrou da relação, o que ainda é possível modificar.

Resta somente parar e observar, parar e se observar e, a partir disso, aparar as arestas e dar um novo sentido para tudo o que foi vivido, reelaborando um novo recomeçar...

Resgatar esse amor se faz necessário, para não o deixar num canto escuro qualquer... Resgatar, porque é seu amor, e o que é seu deve ser cuidado, nutrido, protegido e, principalmente, alimentado.

Reinventar o amor deve estar presente em todos os momentos.

Comece com você – resgate-se, procurando ser feliz à sua maneira.

Olhe com carinho o que você viveu para poder seguir adiante...

Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.

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