Quando o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, decide reduzir a sua taxa básica de juros, como fez há poucos dias, a notícia pode parecer distante da rotina de quem vive e trabalha na Serra Gaúcha. Mas o efeito é imediato: empresas da região que possuem operações internacionais ou acesso ao crédito em dólar passam a encontrar custo de capital mais barato, o que impacta investimentos, competitividade e toda a cadeia produtiva.
Na prática, isso significa que grandes indústrias locais — especialmente do setor metalmecânico, de alimentos e de móveis — têm a possibilidade de financiar projetos de expansão em condições mais favoráveis. Ao mesmo tempo, a trajetória de queda nos juros americanos tende a aliviar a pressão sobre o câmbio, reduzindo a volatilidade do dólar. Esse movimento, por sua vez, contribui para controlar a inflação no Brasil e abre espaço para cortes também na taxa Selic.
Ou seja: a decisão tomada em Washington atravessa fronteiras e chega a Caxias do Sul, Bento Gonçalves, Farroupilha e tantas outras cidades da Serra onde o setor produtivo é o motor da economia. Em um ambiente de juros mais baixos lá fora e, em breve, possivelmente aqui dentro, o cenário se torna mais propício para investimentos e para o fortalecimento das empresas que sustentam o desenvolvimento regional.
Nossa avaliação é de que novos cortes podem ocorrer ainda em 2025, caso a economia americana mantenha sinais de inflação controlada e emprego aquecido, com possibilidade de até três reduções adicionais em 2026. Esse ciclo de flexibilização monetária pode abrir um horizonte mais positivo para a indústria local, que depende não apenas de condições internas, mas também do ambiente internacional.
Estar atento a esses movimentos globais é fundamental para transformar conjunturas externas em oportunidades concretas para a Serra Gaúcha.
Eduardo Tellechea Cairoli é fundador e CEO da Privatto Multi Family Office.
