Caxias do Sul 05/05/2024

Jô Soares, embaixador do jazz no Brasil

Usando sua fantástica capacidade de se comunicar, ele educou os ouvidos brasileiros na difusão do gênero
Produzido por Daniel De Thomaz, 12/08/2022 às 08:24:24
Foto: ARQUIVO PESSOAL

Jô Soares foi um grande humorista, escritor, apresentador, entrevistador, comunicador. Mas entre suas diversas facetas artísticas, ele também foi um amante e músico de jazz.

Assim como Woody Allen, o cineasta e humorista que adorava arranhar seu clarinete com músicos como Chick Corea (falecido em 2021), Jô também se arriscava com seu bongô ou seu pocket trumpet, um trompete menor que o convencional em jazz sessions. Aliás, parece que humor e jazz formam uma boa combinação criativa. O escritor Luis Fernando Verissimo, outro apreciador do gênero, dividia a pena com seu belo sax alto Selmer nas horas vagas.

No SBT, Jô Soares começou a estimular o gosto pelo jazz a partir do "Quinteto Onze e Meia", em seu célebre programa de entrevistas. Foi uma boa oportunidade para o público da TV aberta dos anos 90 conhecer e curtir um pouco de jazz, em meio a tanto sertanejo, pop e rock, predominantes nas programações.

O jazz é uma música de alto nível, sua composição e performance são complexas. É um tipo de música que exige excelente preparo prévio para uma performance de alto nível. Jô mostrou isso em seu programa, tanto na abertura quanto ao longo das entrevistas que realizava.

Ele pontuou que existe um gênero importante da música popular, oriundo na música popular norte-americana, mas que foi incorporada por praticamente todas as linguagens musicais do mundo. Nessa mesma época, na Rádio Eldorado, Jô também divertiu os ouvintes trazendo o melhor do gênero com seu programa de jazz.

Jô Soares sempre aplicou em sua carreira um recurso essencial do mundo jazz: a improvisação, ou seja, a capacidade de criar no exato momento da performance. Além disso, usando sua fantástica capacidade de se comunicar, educou os ouvidos brasileiros na difusão do gênero, importantíssimo no Brasil ao longo do século XX. Por exemplo, essa música influenciou o nascimento da Bossa Nova, no final dos anos 50.

O jazz está presente em todas as linguagens musicais e aqui no Brasil não podia ser diferente. Obrigado, Jô, por ter sido seu divertido embaixador.

Daniel De Thomaz é jornalista, músico, integrante do duo Morde & Assopra, e professor de Jornalismo Cultural da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).