Sim, escolha. Temos desafios constantes. Opiniões diversas nos rodeiam. Ter sempre razão, ou não ter nunca, é uma incógnita que necessita ser redescoberta e mediada. Não ficar estático nem de um lado, nem do outro, mas desvendar o ir e vir. Transformar opiniões dessa jornada se faz primordial. Adentrar nesse mistério é se conhecer um pouco mais e também compreender as leis do universo, que estão ao nosso alcance para serem olhadas, compreendidas e trabalhadas.
Não se envolva em qualquer confusão. “Escolha as brigas em que deseja entrar”. Isso foi o que ecoou através dos tempos em mim. Depois de me envolver em muitas pendências, em várias discussões, de navegar em mares revoltos, de reclamar o impossível, resolvi aliviar posições. Nem em tudo se entra. Nem todas as brigas são para ficar reclamando um lugar até o final dos tempos. Numa posição radical, e numa luta que só um pode vencer.
Escolher a briga em que se deseja entrar é ter a oportunidade de não entrar em todas, não se desgastar, não corroer a relação por qualquer coisa e em qualquer lugar. É carregar em si a flexibilidade de ter uma opinião, perceber o que o outro pensa e sente e, principalmente, como ele enxerga o mundo, as coisas. Até porque as opiniões são distintas e podem diferir da minha e da tua vida sem que para isso entremos num duelo.
Escolher algumas brigas para duelar é ser firme, é saber como deseja se colocar. É, principalmente, não brigar por tudo e por todos sem coerência, só porque se sente obrigado a isso ou necessita ser o salvador da situação. Inclusive, compreender porque somente aqueles desentendimentos valem a pena ser contestados, afrontados, torna-se prioritário. É ter claro aonde deseja chegar e perceber pelo que se briga.
Escolher a briga em que desejamos entrar, participar, investir, é ter credibilidade. É ter energia para seguir até o fim, para conseguir argumentar. É construir a coerência interna. É saber que não é o único a ter opinião. É respeitar o espaço do outro e o seu também. Não é um duelo, nem um convencimento sem limites, mas é o limite sendo implantado. É ter a clareza do que precisa ser edificado. É acreditar em algo maior que traga movimento, sim, mas também evolução, tanto para si como para o outro.
Boa jornada em tuas escolhas e, principalmente, nas tuas lutas!
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.
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