Caxias do Sul 05/05/2024

Amar demais, amar de menos

Quem tem a medida exata desse sentimento, para saber até que ponto ele é sadio?
Produzido por Neusa Picolli Fante, 02/03/2024 às 09:16:53
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas
Foto: Morgane Coloda

As pessoas amam, isso é fato! Amam do seu jeito, da maneira que aprenderam, como alguém as ensinou, como se desenvolveram. Aprendem pelas experiências que tiveram, pelo exemplo das pessoas próximas, por como o que viram e viveram se acomodou dentro delas.

Amor demais, amor de menos – Ele amou tanto, tanto que sufocava... Ela amou tão pouco que deixou que ele fosse embora...

Amar demais ou de menos. Quem tem a medida exata, ou esse discernimento? Demais para quem? Quem consegue medir o amor de outro alguém?

Os questionamentos são muitos, quando se reflete sobre amor mais interrogações se fazem presentes. Isso na tentativa de aprender como saber até que limite vou no amor? No fazer pelo outro? Sabendo que limite é vida, é organização, é contorno, principalmente com quem amamos...

Até porque dar limites também é amar o outro e a si mesmo.

O afeto pode ser construído ou reconstruído constantemente na vida de todos nós. Para isso, precisamos investir em autoconhecimento e seguir nossas buscas.

O fazer tudo deixa o outro sem autonomia, o deixa num lugar de desvalor, de dependência e sem direção.

A jovem mulher não recebeu afeto, e assim viveu, não conseguia se vincular a ninguém, pois ela sentia que era ninguém. Não teve elogio, não teve carinho, só cobrança e rigidez... e assim seguiu até descobrir que também poderia ter um lugar de afeto na vida de alguém. O seu amor foi, pouco a pouco, nascendo com a força da mudança que existia nela...

O homem colocou a mão no coração e queria discernir como era o seu amor pelas pessoas...

E assim, muitos exemplos de amor e de amar se construíram e se reconstroem diariamente... Mas que, acima de tudo, exista para você – só assim saberá o lugar do outro na sua vida.

Assim, vão se construindo pares, que crescem juntos no amor que mantêm, ou amores sem limites nem coerência, que invadem histórias, inibem pessoas, aquelas que se deixam invadir e não conseguem se redirecionar. Com o nome de amor, muitas distorções tomam forma, muito necessita ser compreendido e ajustado.

Nessas tentativas, amores vão e vêm, transitam entre as pessoas, fazem parte na vida de alguém, mas o desfecho cabe a cada um e depende de como cuidou e de como ainda cuida de quem segue na sua jornada.

Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.

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