Na Busworld Europe 2025, realizada no início de outubro, em Bruxelas (na Bélgica), os principais fabricantes mundiais mostraram que, independentemente do desenvolvimento tecnológico acelerado dos novos produtos, buscam o equilíbrio entre desenvolver veículos que atendam às atuais e futuras legislações de zero emissões e sejam viáveis economicamente e em desempenho para os operadores. Apesar de essa conta ainda não fechar (como também acontece aqui no Brasil) e dos gargalos de infraestrutura de recarga e autonomia (no caso dos ônibus rodoviários), a eletrificação segue firme como a opção da grande maioria das marcas que atuam no mercado europeu.
O maior evento do mundo do ônibus mostrou que o mercado vive um momento único e desafiador: vendas em alta no pós-pandemia e falta de capacidade produtiva para atender à demanda crescente, o que faz com que as entregas de novos pedidos sejam somente para 2027. Isso também tem mantido o segmento de ônibus usados aquecido e com preços elevados. A concorrência forte dos fabricantes asiáticos e a necessidade de conquistar a confiança dos operadores no que os novos produtos entregarão são dois outros grandes desafios.
O que está ocorrendo com as montadoras europeias é uma corrida acelerada para, mais do que desenvolver novas tecnologias, conquistar a confiança dos clientes para o fato de que, apesar dos elevados custos, os novos veículos serão mais eficientes e contarão com uma rede de serviço abrangente e capilarizada para que o transporte rodoviário zero emissão possa ser implementado em larga escala.
Os fabricantes mostraram que estão trabalhando arduamente para, em breve, fornecer um pacote completo que vai desde o produto com autonomia parecida, passando por serviços e até pela criação de uma rede de pontos de recarga especialmente para os modelos rodoviários nos principais pontos do continente e chegando ao compromisso de desenvolver baterias que suportem as exigências da operação de longa distância.
Estande da Marcopolo no Busworld Europe 2025
(Foto: Divulgação Marcopolo)
De acordo com os especialistas que participaram do Congresso Busworld 2025, a crescente presença de veículos elétricos é inegável, mas eles não revolucionarão o setor nos próximos cinco anos. Para muitos operadores europeus de ônibus, os modelos a diesel estão longe de seu fim, ainda mais porque muitas montadoras já desenvolvem propulsores para esse combustível que atendam às normas Euro 7.
José Carlos Secco é jornalista especializado na indústria automotiva e de transportes, diretor da Secco Consultoria de Comunicação, de São Paulo, com atuação inclusive na Serra Gaúcha.
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