Caxias do Sul 02/05/2024

“Neste momento, mais do que em qualquer outro, precisamos ser competitivos”

Para zerar conta de R$ 45 mil mensais com energia elétrica, fabricante caxiense investe em duas usinas de energia solar: uma em telhado da empresa e outra em terreno locado em Vacaria
Produzido por Silvana Toazza, 08/09/2022 às 11:04:47
“Neste momento, mais do que em qualquer outro, precisamos ser competitivos”
Hamilton Angonese adquiriu usinas fotovoltaicas a partir de consultoria da Magnani
Foto: Montagem de fotos por Mauro Martins

POR SILVANA TOAZZA

Ela acumula 46 anos de história, comercializa suas peças náuticas para velejadores como Amyr Klink, família Grael e Robert Scheidt e tem 70% dos negócios decorrentes da exportação. Porém, a longevidade e a consolidação da empresa não são motivos para cruzar os braços e se acomodar.

A Nautos Indústria Metalúrgica, de Caxias do Sul, sabe disso e faz o dever de casa. Como estratégia de redução de custos, a fabricante serrana acaba de viabilizar um grande investimento ambiental, com a instalação de duas usinas fotovoltaicas que deixam a companhia autossuficiente na geração de energia solar.

O negócio e a orientação para seguir esse caminho estratégico vieram da Magnani Luz e Energia, uma das primeiras empresas da Serra Gaúcha a fornecer usinas de energia solar com a tecnologia WEG.

Como o telhado da Nautos abrigava um número de painéis insuficientes para a geração de energia elétrica necessária, a solução descortinou uma possibilidade inteligente (e que passa a ser crescente nesse setor): uma segunda usina solar, dessa vez de solo, foi instalada em terreno locado em Vacaria, complementando a captação para fazer frente à utilização da fabricante. Resultado: a fatura mensal de R$ 45 mil será zerada. Sim, não é preciso gerar a energia solar no local de consumo, pois ela é jogada na rede elétrica. Nem todos sabem.

“Ficamos muito felizes em saber que essa nossa decisão pode estimular e servir de exemplo para outras empresas. Nós tínhamos uma necessidade e encontramos na Magnani uma consultoria, uma orientação que nos mostrou o que era preciso fazer. Vimos que era uma ideia inteligente e praticável, operacional, e demos encaminhamento ao projeto”, revela Hamilton Angonese, diretor executivo da Nautos Indústria Metalúrgica, em entrevista exclusiva.

Silvana Toazza entrevista Hamilton Angonese (foto: Mauro Martins)

A seguir, trechos desse bate-papo para a seção “Conversa Afiada” do portal de notícias:

O que levou a Nautos a investir nesse projeto de geração de energia elétrica a partir de usinas fotovoltaicas?
Hamilton Angonese: Essa decisão faz parte de uma progressão do nosso negócio em que já investimos em tratamento de efluentes, somos apoiadores de causas ambientais, temos logística reversa aplicada no mercado europeu. Nos últimos dois anos, precisamos reaprender muitas coisas porque os custos de operação se tornaram surpreendentemente maiores e aquela eficiência que se busca corriqueiramente dentro da nossa produção exigiu que déssemos um passo a mais. Ou seja, possuímos uma conta de luz expressiva e a redução nessa fatura vai ao encontro da nossa necessidade de eficiência que esses temos modernos, principalmente pós-Covid-19, obrigaram todos nós a ter.

É o dever de casa de todas as empresas cuidar dos custos, redirecionar investimentos e também desenvolver estratégias de consciência ambiental.
Essa é chave. Essa ação tem muito mais um reflexo dentro da empresa, uma vantagem direta na redução de custos, do que efetivamente para com a natureza. Sabemos que estamos colaborando com a natureza, na hora que exigimos menos energia das termelétricas, mas nesse caso, especificamente, estamos colaborando com a energia, mas buscando uma redução de custos muito importante e necessária para o nosso negócio.

A Nautos, além de gerar a energia solar no telhado da empresa, também locou um terreno em outra cidade, Vacaria, para complementar a demanda. Essa foi uma decisão estratégica?
Nós tínhamos uma necessidade e encontramos na Magnani uma consultoria, uma orientação que nos mostrou o que era preciso fazer com a área que nós tínhamos disponível no telhado e alternativas para complementar a geração necessária para atender à nossa demanda. Entendemos, concordamos com todos os aspectos, vimos que era uma ideia inteligente e praticável, operacional, e demos encaminhamento ao projeto.

A redução será significativa na conta de energia elétrica?
A nossa expectativa é que a energia solar gerada atenda à nossa necessidade pelos próximos dois anos, que sejamos autossuficientes, já prevendo a alta do consumo por conta de novos mercados. Nossa conta de energia elétrica era de R$ 45 mil mensais, que será zerada, só continua uma taxa que não levamos em consideração. O financiamento vai se pagar.

Trabalhar com peças náuticas, para veleiros e barcos, está em sintonia com um público que preza o cuidado com a natureza?
O nosso cliente final preza por isso. O velejador exige praia limpa, águas limpas, e respeita mais quem se preocupa com isso. Vamos diretamente ao encontro dos anseios dos nossos clientes. A gente vive a cultura do cuidar, do economizar, porque o nosso cliente faz parte disso, fazendo ações de recolhimento de lixo em praias, por exemplo.

As usinas fotovoltaícas se pagam?
Nossa expectativa é que se paguem, e em três anos estejamos nos beneficiando integralmente do projeto.

Mas muitas empresas ainda têm receio de fazer esse investimento. O que diria a esse empreendedor?
Não tenha medo, isso faz parte de você ganhar dinheiro. É um investimento importante. É preciso ter capacidade, é preciso ter um caixa que ampare esse investimento evidentemente, mas é uma solução diretamente conectada ao resultado.

A Nautos trabalha com produto com alto valor agregado e tecnologia, impactando diretamente no consumo de energia elétrica?
Sim, temos 60 funcionários, produzimos peças com muita tecnologia, com resistência, pois o ambiente em que serão usadas é muito agressivo. Sol e água salgada o tempo todo. Nossos produtos têm 10 anos de garantia. Para garantir por 10 anos no sal e no sol, precisa tecnologia.

O mercado externo é ainda mais exigente?
Nós temos uma dependência muito grande da exportação. Somos exportadores natos. A situação está complexa. As projeções são delicadas para o mercado externo. Neste momento, mais do que em qualquer outro momento, precisamos ser competitivos, com maior eficiência em todos os nossos departamentos para não perder espaço no mercado principalmente europeu.

Assista ao vídeo completo dessa entrevista, acessando o link abaixo:

https://youtu.be/aPbEtiSdlAo