Caxias do Sul 01/05/2024

Grupo MISERI COLONI prepara novo espetáculo

Atividade marca comemorações do Sesquicentenário da Imigração Italiana no RS, em 2025
Produzido por redação, 11/11/2022 às 09:27:37
Grupo MISERI COLONI prepara novo espetáculo
Integrantes do grupo se reuniram para começar a estudar o texto da nova montagem
Foto: Margô Segat

Ao mesmo tempo em que comemora 40 anos de atividades fazendo teatro em Talian, o Grupo Miseri Coloni anuncia a preparação de um novo espetáculo, intitulado “Miseri Coloni dá Voz ao Silêncio”. Recentemente, cerca de 15 integrantes, entre atores e cantores, se reuniram com o dramaturgo Jorge Rein e o diretor Camilo de Lélis para estudar o texto preliminar.

O grupo está em processo de assinatura do Contrato com a SEDAC – Secretaria de Estado da Cultura, para receber a verba conquistada via Edital nº 16/2021 a Arte do Espetáculo, do FAC – Fundo de Apoio à Cultura. Os próximos meses serão dedicados à finalização da pesquisa e do texto com tradução para o Talian. Na sequência, começam as definições de elenco, composição das músicas e início dos ensaios. A estreia está prevista para dentro de 12 meses.

A peça trata da criação de espetáculo teatral que marca o Sesquicentenário da Imigração Italiana no RS (2025). Será falada predominantemente em dialeto Talian e contará a história da imigração italiana com foco nos anos 1920, época das comemorações do Cinquentenário da Imigração (1925). Assim, será criado um espetáculo para circular nos municípios de identidade italiana, dentro da programação das celebrações de 2025.

FATOS HISTÓRICOS PAUTAM A NARRATIVA

A pesquisa para elaboração da proposta percorreu fatos históricos como é o caso das mortes por disputas políticas/eleitorais decorrentes da revolução de 1923, ocorridas em Travessão Alfredo, nos fundos da Colônia Caxias, narradas no livro “100 anos de Silêncio”, de Plínio Mioranza (livro no prelo do autor recém-falecido), e de relatos da morte dos irmãos Biondo, com registros no cemitério da comunidade de São Brás, interior de Caxias do Sul.

Destaca-se o surgimento da literatura do Talian, com Aquiles Bernardi em 1924, publicando o personagem Nanetto Pipetta em capítulos semanais no jornal “Staffetta Riograndense” (“Correio Riograndense”), mas que, em fevereiro de 1925, foi impedido de ser publicado por “ordem superior”, atendendo aos interesses dos governantes do Estado Brasileiro e da tentativa de imposição do pensamento oficial italiano, já sob as diretrizes do fascismo. Essas diretrizes permeiam os atos oficiais de comemoração dos 50 Anos da Imigração. As informações estão presentes com detalhes no livro “Italianidades, Polonidades, Germanidades”, de Terciane Luchese e Adriano Malikoski, (Universidade de Caxias do Sul, 2021) e do “Album Cinquantenário della Colonizzazione Italiana Nel Rio Grande Del Sud”. Por outro lado, serão também mostrados os autênticos interesses dos imigrantes italianos que, como colonos, só pensavam em “plantar, trabalhar (capinar) e economizar”.

João Tonus, um dos integrantes do grupo Miseri Coloni, afirma que é “indispensável dizer que esses temas são especialmente caros para as pessoas mais idosas que ainda têm na memória os relatos dos seus antepassados, e mantêm vivo o hábito de falar o Talian. Elas promovem, dessa maneira, uma ação afirmativa de inclusão de pessoas pelo seu afeto, atingindo também as pessoas mais novas herdeiras desse significativo legado cultural. Isso é muito relevante para a autoestima das comunidades e se constitui, certamente, num ato cultural de inclusão intergeracional e de salvaguarda de história e de saberes”.