Caxias do Sul 26/04/2024

Em nota conjunta, sete entidades caxienses reivindicam reconsideração das medidas de flexibilização

Documento direcionado ao governo do Estado e à prefeitura alerta para o avanço da Covid-19 em Caxias do Sul e solicita alinhamento às orientações da OMS
Produzido por redação, 01/05/2020 às 14:30:25
Em nota conjunta, sete entidades caxienses reivindicam reconsideração das medidas de flexibilização
Entidades querem que medidas de segurança sejam aprofundadas
Foto: Silvana Toazza

As medidas de flexibilização das regras de controle para evitar a propagação da pandemia do coronavírus, adotadas nas últimas semanas pelo governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e pelo prefeito de Caxias do Sul, Flavio Cassina, não são consensuais entre a população.

Alguns setores da sociedade, preocupados com a possibilidade de avanço da doença em função da adoção de regras menos rígidas, reuniram-se em Caxias do Sul ao longo desta semana para discutir a questão e agora vêm a público, nesta sexta-feira, 1º de maio, com uma “Carta Aberta”, na qual expõem suas avaliações da situação e reivindicam novas posturas.

Assinam o documento as seguintes entidades: Conselho Municipal de Política Cultural; Conselho Municipal da Saúde; Conselho Municipal da Educação; Conselho Municipal de Direitos de Políticas Públicas sobre Drogas; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; Conselho Municipal de Direitos da Mulher e o Conselho Gestor do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (CEREST/Serra).

Confira na íntegra o texto do Documento Coletivo:

CARTA ABERTA

"Em virtude do recente posicionamento do governador do estado do Rio Grande do Sul (RS), Eduardo Leite, e do prefeito municipal de Caxias do Sul (RS), Flavio Cassina, referente à flexibilização da quarentena em nosso município, o Conselho Municipal de Política Cultural, o Conselho Municipal da Saúde, o Conselho Municipal da Educação, Conselho Municipal de Direitos de Políticas Públicas sobre Drogas, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Municipal de Direitos da Mulher, e o Conselho Gestor do Centro de Referência Regional em Saúde do Trabalhador (CEREST/Serra) por meio desta Nota Coletiva, vêm a público discordar de tal decisão.

Caxias do Sul está entre as cidades do RS com mais casos de Covid-19. O município não terá condições de evitar o colapso no sistema de saúde com a chegada do inverno e o agravante de tais medidas irresponsáveis.

Profissionais da saúde e demais categorias que arriscam suas vidas para salvar as nossas, contam com a solidariedade e preocupação dos Conselhos de Direito e da comunidade, em relação à sobrecarga que ainda está por vir. É preciso garantir que estes, possam cumprir com esta tarefa tão importante para o momento de modo seguro com o fornecimento de EPI adequados e a valorização do trabalho. Sabemos que o posicionamento do Presidente da República, Jair Bolsonaro, ao banalizar a pandemia, traz terríveis consequências, intensificando ainda mais a contaminação e colapsando o sistema de saúde. Caxias do Sul pode fazer diferente.

Por isso, pedimos encarecidamente que o governador Eduardo Leite e o prefeito Flavio Cassina reconsiderem e alinhem seus posicionamentos com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e demais entidades científicas, atentem à experiência de outros países que erraram, liberando precocemente a população do distanciamento social e que estão pagando com milhares de vidas.

O fato de termos uma baixíssima testagem diagnóstica, levando a falsa sensação de ausência da doença entre nós, nos indica que as regras de afastamento social são a ÚNICA ação de prevenção e mitigação dos efeitos devastadores.

Salientamos que a vida é o bem mais valioso e jamais deve ser equiparada a outras questões de ordem econômica ou política. A minimização dos impactos econômicos deve ser de responsabilidade dos governos, protegendo a população desta pandemia de extrema periculosidade, incentivando para que fiquem em suas casas e garantindo segurança para quem não pode permanecer em seus lares.

Solicitamos informações sobre as estratégias que serão adotadas, dentro das políticas públicas municipais e estaduais, para minimizar os impactos econômicos aos profissionais atingidos diretamente por esta crise. Também, reiteramos nosso posicionamento para que se mantenham medidas de proteção e distanciamento para o combate da pandemia."

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