Caxias do Sul 01/05/2024

A luta dos profissionais ‘mais velhos’ por seu lugar no mercado

Políticas de inclusão desses profissionais precisam ser adotadas pelos setores de RH das empresas
Produzido por Janice Rossetti Gasparotto , 28/08/2022 às 09:50:59
Foto: ARQUIVO PESSOAL

A população está envelhecendo e, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as pessoas com 65 anos ou mais representam 10,2% da população. Na prática, o que se observa é a falta de políticas públicas e sociais para inserção e também a manutenção do profissional, já a partir dos 40 anos. E essa constatação não é diferente para Caxias do Sul.

A taxa de “mais velhos” fora do mercado de trabalho pode chegar a 40% no Brasil em 2025 e isso deve-se, entre outros fatores, à falta de adequação à tecnologia e ao preconceito aos “mais velhos”, o que nos remete urgência em discutir políticas de inclusão e desenvolvimento constante das competências dos funcionários pela empresa.

A consciência na inclusão e diversidade já reflete no empreendedor que busca investimentos em empresas e organizações que apliquem práticas com base no ESG, que é um conjunto de padrões e boas práticas que visam definir se a operação de uma empresa é socialmente consciente,sustentável e corretamente gerenciada.

ESG é uma sigla em inglês que reúne três pilares desse movimento:

yesEnvironmental (meio ambiente)

yesSocial (pessoas)

yesGovernance (governança)

Os investidores estão buscando construir novas carteiras de investimentos visando melhor explorar as oportunidades que a sustentabilidade tem gerado, mitigando os riscos advindos da volatilidade econômica, política e social e não apenas o ganho financeiro.

Destaques para:

enlightenedA discussão qualificada sobre diversidade, equidade e inclusão no ambiente de trabalho e sociedade

enlightenedRetenção dos melhores talentos

Atualmente, o RH passou a ser vislumbrado como o verdadeiro parceiro estratégico da organização, voltado para o alto desempenho, produtividade e bem-estar da equipe, direcionando seus esforços para o desenvolvimento dos colaboradores e, consequentemente, para melhores resultados institucionais.

Destacamos dentre as funções exercidas pelo RH:

yesDesenvolver o planejamento estratégico do RH com base nos novos movimentos do mercado (inclusão de gêneros e gerações - idades), propiciar maior felicidade, introdução da atividade híbrida (presencial/home office), redução de jornada com foco no ócio.

yesContratação e acompanhamento do funcionário (inserção, treinamento nas soft kills e hard kills, acompanhamento do desempenho, treinamento decorrente do desempenho, dentre outros).

yesReter talentos (o RH deve estar atento aos feedbak constantes)

yesDesenvolver e atualizar planos de carreira

yesRealizar gestão de desempenho (imprescindível para detectar e desenvolver potenciais novos líderes)

yesPromover um bom clima organizacional (a Governança Corporativa inexistente ou mal aplicada gera um clima de competição a qualquer custo, produzindo profissionais inseguros, ansiosos, agressivos, desencadeando burnout e líderes utilizando da comunicação violenta para se manterem em seus cargos isoladamente).

Cabe agora aos profissionais de RH desenvolver as melhores práticas de adaptação e, conjuntamente com a empresa, adequarem-se à nova demanda nacional e mundial, comprovando que as equipes podem interagir em qualquer idade (gerações e gêneros), desde que seja uma vontade da empresa estabelecer, na prática, o seu compromisso social.

A plataforma profissional LinkedIN informou que, ao final de julho de 2022, a tarja “Open to Work” no perfil atingiu globalmente 16 milhões de usuários.

Diante da realidade da aposentadoria ser insuficiente para a manutenção de cuidados básicos como moradia, transporte, plano de saúde, medicamentos, alimentos e higiene, os “mais velhos” (50+) precisam se manter no mercado de trabalho por mais tempo. Na maioria dos casos, os aposentados são a fonte principal da manutenção da família (tendo na maioria mulheres como chefes de família), incluso o sustento dos filhos e netos.

Além das adequações legalmente previstas nas empresas para o desenvolvimento da função social, também são necessárias políticas sociais e econômicas por parte do governo, que fomentem as iniciativas ESG nas organizações.

Janice Rossetti Gasparotto é especialista em Direito da Economia e da Empresa pela FGV, com MBA em Controladoria e graduada em Direito pela UCS.