O Terceiro Setor é essencial para o enfrentamento de desafios que o poder público, por si só, não consegue superar. Além disso, a força do voluntariado entra em cena em situações excepcionais, como foi o caso das enchentes que devastaram 95% dos municípios do Rio Grande do Sul há pouco mais de um ano.
O papel das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) foi fundamental não apenas para acolher as vítimas da tragédia climática, mas também para apoiar os voluntários e os trabalhadores da linha de frente, além de organizar a logística das doações destinadas à população atingida. Caxias do Sul, segundo maior município do Estado, transformou-se em um verdadeiro centro de ajuda humanitária, com destaque para a atuação de milhares de voluntários de todas as áreas, que se uniram à Parceiros Voluntários com um só objetivo: ajudar o próximo em um momento de extrema vulnerabilidade.
A mobilização coordenada pela entidade reuniu 4 mil voluntários. A equipe atuou diretamente na triagem de donativos. Parte do grupo se dirigiu, em dias específicos, para municípios do Vale do Taquari - os mais afetados pelas fortes chuvas - para limpar residências e fazer a distribuição de roupas, colchões, alimentos não perecíveis, entre muitos outros itens.
O esforço coletivo resultou em 70 mil horas de trabalho em prol dos gaúchos afetados pelas enchentes. O suporte logístico e a intensa divulgação por meio das mídias sociais, em apoio à Fundação Caxias, possibilitaram a arrecadação de mais de 930 toneladas de alimentos, 6 milhões de peças de roupas, 18 mil colchões, 17 toneladas de ração, 2,3 milhões de litros de água, 29 mil kits de materiais de limpeza e 30 mil kits de higiene pessoal. Via Pix, a entidade também recebeu R$ 3 mil, utilizados como auxílio-combustível para ações in loco no interior do Rio Grande do Sul.
Em situações como a que aconteceu no RS, a organização do voluntariado torna-se peça-chave para garantir que a ajuda chegue de forma rápida, eficiente e coordenada aos locais mais afetados. A logística bem estruturada, aliada a um mapeamento preciso das necessidades e à integração com órgãos oficiais, permite otimizar recursos, evitar desperdícios e assegurar que cada ação tenha um impacto real na vida das pessoas que precisam de ajuda.
O voluntariado organizado não apenas potencializa o alcance das ações humanitárias, mas também contribui para a reconstrução do tecido social, promovendo empatia, solidariedade e esperança em meio ao caos. Mesmo diante de tudo o que foi enfrentado pela população gaúcha em 2024, o sentimento de esperança em dias melhores segue vivo. As perdas foram imensas, mas a tragédia também revelou ao mundo a força do voluntariado e a união de comunidades mobilizadas pelo bem comum. Afinal, juntos somos mais fortes e resilientes.
Luana Ramon é psicóloga formada pelo Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG) e é diretora voluntária da Parceiros Voluntários Caxias do Sul. Possui especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e, atualmente, cursa a especialização em Psicopatologia pelo Grupo Psicologia Baseada em Evidências (Grupo PBE).
