Caxias do Sul 18/05/2024

A cultura da inovação tecnológica em foco

Se tivermos a ideia de que estamos distantes da robotização, vamos estar sempre distantes
Produzido por Bruno Dal Fré, 24/10/2021 às 10:10:48
Foto: Divulgação/ Dalca Brasil

Todo encontro voltado a inovações tecnológicas, automação e indústria 4.0 precisa ser saudado no Brasil. Eventos como o Pitch Day, que reuniu startups em Bento Gonçalves em outubro, embora sejam pequenos, precisam ser corriqueiros, pois estimulam a cultura da inovação. Mas, fundamentalmente, é uma outra cultura que precisa ser instigada nas organizações. E ela é de ordem comportamental.

A visão para se investir em tecnologias precisa vir da gestão da empresa. Tem de ser um movimento de cima para baixo, sempre. Só assim o Brasil começará a recuperar o terreno perdido da competitividade, para que nossa indústria avance nos conceitos da indústria 4.0. Nossa indústria está ainda na 2.0. Robótica e automação são indústria 3.0. Na Europa, já se fala em 5.0. Então, temos de fazer essa transição de forma inteligente.

Hoje, enquanto a média mundial de robôs instalados para cada 10 mil trabalhadores é de 113, no Brasil é de apenas 14. E isso tem nos custado muito caro, porque, em comparação aos grandes centros produtivos mundiais, nós produzimos menos, demoramos mais para fazer e entregamos com menos qualidade. Estamos atrasados, mas também temos muitas oportunidades para evoluir.

Investir em tecnologia é uma decisão estratégica. Porém, não basta comprar tecnologia e tudo está pronto. Isso é apenas 50% do processo. A outra parte é mudar a empresa para ela absorver essa tecnologia para produzir com aumento de eficiência.

É preciso pensar enxergando as inúmeras possibilidades de futuro que se descortinam com a implantação de simples tecnologias como automação. E isso é um primeiro passo importante, que precisa sempre ser dado com o acompanhamento técnico especializado. A partir dela, por exemplo, podemos entrar expressamente nas tecnologias 4.0, com incorporação de sensores e internet das coisas, por exemplo.

Só não podemos é ficar alheios aos avanços tecnológicos nos processos produtivos. Não podemos achar que robotização, inteligência artificial e big data são tecnologias exclusivas de indústrias de alta performance ou de filme de ficção-científica. Se tivermos a ideia de que estamos distantes da robotização, vamos estar sempre distantes.

As tecnologias estão aí para facilitar não apenas nossa vida pessoal, mas também os ciclos produtivos fabris. Apostar em tecnologia é aumentar a competitividade, a produtividade e a qualidade, além de reduzir custos e ganhar segurança no chão de fábrica.

Todo movimento nesse sentido requer um minucioso estudo no qual é imperioso, entre outras análises, o cálculo de payback, a oferta de peças de reposição e a disposição de operadores capacitados. Uma vez, o retorno dos investimentos demorava cerca de cinco anos; em alguns casos, até sete anos. Mas hoje, com o acesso a tecnologias mais pulverizado, já temos caso em que o retorno foi de apenas oito meses.

Bruno Dal Fré é CEO da Dalca Brasil