Caxias do Sul 06/05/2024

Perdas na indústria moveleira gaúcha, entre março e abril, podem chegar a 80%

Estimativa da maioria das empresas ouvidas é de que a redução no quadro de funcionários poderá ser de até 30%
Produzido por redação, 19/04/2020 às 16:09:03
Perdas na indústria moveleira gaúcha, entre março e abril, podem chegar a 80%
Principal polo moveleiro do Estado fica em Bento Gonçalves
Foto: Movergs/Divulgação

Apesar do retorno de forma progressiva das atividades em 83% das indústrias moveleiras gaúchas, cujo principal polo fica em Bento Gonçalves, será difícil reverter as perdas financeiras decorrentes da pausa forçada e do cenário de instabilidade provocado pelas medidas de enfrentamento ao coronavírus.

Pesquisa encabeçada pela Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) com as principais companhias de móveis gaúchas traça um horizonte preocupante: a estimativa é que os meses de março e abril gerarão perdas que podem atingir 80% do faturamento desses conglomerados fabris.

Quanto a possíveis perdas para maio, há empresários que calculam 70% de prejuízo e outros que sequer conseguem estimar o tamanho do baque gerado pela Covid-19.

A maioria dos executivos (67%) do setor de móveis consultados acredita que a volta à normalidade levará seis meses, enquanto que 16% estimam três meses. Alguns empresários se mostraram mais pessimistas: 8% acreditam que a crise poderá se prolongar por no máximo 12 meses e outros 8% sugerem que será por mais de um ano.

Como parte das indústrias ouvidas enxugaram pela metade sua equipe e as demais estão atuando com 25% da capacidade da sua força de trabalho, a estimativa da maioria das empresas moveleiras ouvidas é que a redução no quadro de funcionários poderá ser de até 30%.

O presidente da Movergs, Rogério Francio, destaca que a entidade não está medindo esforços para articular medidas, junto ao governo do Estado e prefeituras, em benefício do setor moveleiro gaúcho.

“No dia 19 de março enviamos ofício ao governador Eduardo Leite solicitando o adiamento do pagamento do ICMS e no dia 24 de março encaminhamos aos senadores e deputados federais gaúchos uma série de sugestões que consideramos fundamentais para o mantimento das atividades”.

Para esse difícil momento, entre as novas estratégias estão estudos de produtos para serem comercializados via e-commerce, facilitação de trabalho home office, planejamento de novos produtos e mercados.

Cenário era de otimismo

Ironicamente, o setor moveleiro gaúcho foi surpreendido num momento em que vinha apresentando uma melhora gradativa mês a mês.

“Em 2019 mantivemos uma certa estabilidade e muitas empresas voltaram a contratar. O cenário para 2020 era de otimismo. Cada empresa terá que novamente fazer o dever de casa, como já havia sido feito nos últimos anos, ou seja, reavaliar vendas, gastos, custos, etc. É claro que nenhuma empresa gosta de demitir, mas cada empresário precisará olhar para dentro do seu negócio e replanejar o ano de 2020 dentro das possibilidades”, pontuou.

Focar em salvar vidas, mas também em salvar a economia, evitando conflitos de interesse político, é o desafio neste momento, define Francio.