Caxias do Sul 03/05/2024

“Esta pode ser a maior crise do mundo moderno depois de 1929”, avalia consultor da Serra

Adelgides Stefenon diz que empresas não devem esperar a retomada para agir e dá dicas de como enfrentar a crise
Produzido por redação, 15/04/2020 às 12:24:06
“Esta pode ser a maior crise do mundo moderno depois de 1929”, avalia consultor da Serra
Consultor Adelgides Stefenon, também integrante da diretoria do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG)
Foto: Igor Guedes

As medidas de restrição contra o coronavírus trouxeram apreensão a empresas, que não conseguem visualizar o futuro, ainda nebuloso. Porém, não é preciso esperar o fim da pandemia para agir, pois a retomada será gradual, adverte o consultor Adelgides Stefenon, também integrante da diretoria do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG).

A preocupação nesse momento é natural, uma vez que a situação de confinamento social para arrefecer o ímpeto da contaminação pela Covid-19 fechou parte das indústrias e do comércio, e desacelerou o consumo. Na outra ponta, financiamentos, folhas de pagamento e contas a pagar deixam temerosos empreendedores de todos os portes quanto à saúde de seus negócios.

"As empresas estão preparadas para reiniciar. Não estavam para parar. Portanto, não dá para esperar para quando reiniciar. Já devem estar cuidando dos clientes, dos colaboradores, dos fornecedores, da sociedade e do fluxo de caixa agora", orienta Stefenon.

Apesar de tantas interrogações, algumas percepções são imutáveis. O esforço dos países terá de ser imenso para que o PIB global não sofra retração acima do esperado. Lideranças empresariais, sociais e políticas terão que se unir e seguir um verdadeiro pacto pelo Brasil, diz Stefenon

E há outro porém no caminho. Mesmo as empresas preparadas para a retomada dos negócios convivem hoje com o dilema de não saber quando os clientes voltarão a comprar, e em quais patamares.

"Acredito que o mundo demorará de dois a três anos para recuperar essa que pode ser a maior crise do mundo moderno depois de 1929 (ano da quebra da bolsa de Nova York)", declara Stefenon.

Algumas dicas apontadas pelo consultor aos negócios nesse momento em que agir com calma e sem ansiedade é salutar:

1) Estabelecer um canal de comunicação direto com os clientes e administrar, uma a uma, as insolvências que existirão, propondo ações de parceria para solução;

2) Garantir aos colaboradores o pagamento dos salários e que tudo será feito para manter o emprego para gerar estabilidade e engajamento;

3) Controlar todos os custos fixos e segurar os investimentos futuros até a situação estar mais clara;

4) Analisar o fluxo de caixa atual e futuro para, se necessário, negociar com fornecedores prazos mais longos de pagamento. Mas somente se necessário. Sair correndo já pedindo extensão de prazo não ajuda agora;

5) Ter já um plano de contingência traçado onde se possa incluir possíveis financiamentos incentivados (governo federal, por exemplo, via BNDES com carência de 2 anos), fortalecendo ao máximo o caixa, se possível;

6) Tomar decisões dia a dia pois as coisas estão mudando muito rapidamente.