Caxias do Sul 28/04/2024

Com a quarentena, comércio caxiense deixa de faturar R$ 3,6 milhões por dia

Caso o cenário de pausa persista até o fim de abril, os prejuízos podem chegar a R$ 144 milhões
Produzido por redação, 29/03/2020 às 13:01:30
Com a quarentena, comércio caxiense deixa de faturar R$ 3,6 milhões por dia
Foto: DIVULGAÇÃO

Embora esteja ciente da gravidade do tema que envolve os riscos de contágio e morte pelo coronavírus, o comércio não se exime de também avaliar os impactos negativos da quarentena no caixa dos estabelecimentos.

Por meio do Núcleo de Informação ao Mercado, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul elaborou um estudo sobre os prejuízos causados para o comércio do município em decorrência das medidas de restrição contra a Covid-19.

Com base nos números de arrecadação de ICMS, a entidade estima que os empreendimentos ligados ao comércio deixam de faturar R$ 3,6 milhões por dia, representando 58% a menos, devido ao impacto das restrições no município. E ressalvam: caso esse cenário de pausa persista até o fim de abril, o prejuízo pode chegar a R$ 144 milhões. Entre as exceções de funcionamento no varejo neste momento estão os segmentos de supermercados, farmácias e padarias.

A CDL de Caxias do Sul, que congrega 4,3 mil associados (69% delas micro e pequenas lojas) e responde por 28 mil empregos formais, justifica que defende com prioridade absoluta a preservação da vida, mas também está preocupada em ajudar o empreendedor a lidar com a crise e auxiliar a cidade na retomada da economia, pela importância desses estabelecimentos.

Os dados impressionam: o setor de comércio responde por 28% do PIB de Caxias do Sul, com faturamento de 2,1 bilhões por ano.

“Considerando que o setor foi um dos mais castigados pela crise econômica que passamos desde 2014 e que agora estava conseguindo pegar tração para crescer de forma contínua e sustentável, esta pandemia apresenta-se como um duro golpe em nosso comércio. O cenário é desolador, principalmente quando refletimos sobre o número de empresas que terão capacidade para manter-se abertas até o final desta crise ou aquelas que conseguirão sobreviver sem cortes profundos no seu quadro de pessoal”, lamenta o presidente da CDL Caxias, Renato S. Corso.

No Brasil, a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CDNL) e o SPC projetam impactos negativos em mais de R$ 100 bilhões para o mesmo período (março e abril), levando-se em conta a normalização das atividades a partir de maio.

O assessor de economia e estatística da CDL Caxias, Mosár Leandro Ness, ressalta que os números são consideráveis. E diz mais: o impacto negativo não será recuperado a curto prazo, tendo em vista que as vendas não realizadas serão perdidas.

“Além dessa perda, haverá consequências no quadro de colaboradores, com demissões e a interrupção de renda de muitas famílias. O cenário local é, no mínimo, preocupante”, complementa o especialista.

Para contextualizar: os dados mais atualizados do comércio caxiense mostram que o desempenho em janeiro de 2020 se manteve praticamente estável, com um crescimento de 0,18% quando comparado com o mesmo mês de 2019. Em relação a dezembro, houve recuo de 10,51% nas vendas do setor, resultado que já era esperado, devido às férias e à movimentação dos caxienses para o litoral. Mesmo assim, 2020 se desenhava com a promessa de um ano de recuperação, que agora é substituído por um ano de interrogações.