POR MARCOS FERNANDO KIRST
Dizem que ele vai fazer uma festa de arromba em Londres, só para convidados especiais, em local não divulgado, para celebrar a marca das oito dezenas de velinhas muito bem acesas em seu bolo de aniversário.
Apesar de não ter sido convidado, ergo minha taça para brindar o feito de Mick Jagger, o líder rebolante da também longeva banda de rock britânica The Rolling Stones (o empreendimento roqueiro consolidou 61 anos de atuação neste 12 de julho de 2023), que completa seus 80 anos de vida nesta quarta-feira, 26 de julho, ingressando lépido e faceiro no inimaginável jardim que já reúne uma gama cada vez mais populosa de octogenários roqueiros ativos, produtivos, criativos e longe de pensar em pendurar as palhetas (e baquetas).
Jagger nasceu em 26 de julho de 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, e, poucos dias antes de completar 19 anos de idade, estreava no palco na função de vocalista da banda que selaria um marco na história e na tecelagem do movimento músico/cultural conhecido como rock and roll. De lá para cá, jamais largou o microfone, os palcos, as turnês e os estúdios de gravação, legando a sucessivas gerações de fãs o fruto de sua criatividade musical (grande parte em parceria com o guitarrista Keith Richards) na forma de canções que se credenciam para a eternidade.
Com o feito (“para viver bastante, é só não morrer”, como revela sabiamente um caboclo brasileiro de 100 anos cujo aniversário bomba nos reels), Jagger ingressa na sala já ocupada por coleguinhas seus de renome como o baterista beatle Ringo Starr (83 anos completados em 7 de julho, que acaba de sair em mais uma turnê com sua All Starr Band); Bob Dylan (82 anos feitos em 24 de maio, que recém lançou seu 40º álbum de estúdio e segue no palco em apresentações de sua “Neverending Tour”, a “Turnê que nunca acaba”); o beatle Paul McCartney (81 anos festejados em 18 de junho, que promete shows no Brasil em novembro deste ano) e outros, como alguns brasileiros de renome a exemplo de Roberto Carlos (82 anos), Caetano Veloso (80), Gilberto Gil (81)... Todos à espera da adesão de Keith Richards, o guitarrista/compositor amigo e duplo siamês de Mick, que se une ao grupo dos oitentosos em 18 de dezembro.
John Lennon, imperdoavelmente ceifado da vida no auge de seus 40 anos em 1980, já cantava que “a vida começa aos 40”... Saiu de cena sem revelar a partir de que idade deve-se começar a pensar em calçar as chinelas e deitar no sofá. A julgar pela atitude de alguns dinossauros da música pop mundial, esse limiar depende muito é da construção que cada um faz de si próprio ao longo de cada jornada individual. Afinal, ninguém é velho demais para o rock and roll... e nem para a vida...
