Caxias do Sul 19/04/2024

Veículos híbridos e elétricos em alta no Brasil

Rio Grande do Sul é apenas o sexto entre os estados brasileiros com mais automóveis eletrificados
Produzido por José Carlos Secco, 03/10/2021 às 09:18:13
Foto: ARQUIVO PESSOAL

Sabem qual é o veículo elétrico mais vendido no Brasil nos oito primeiros meses deste ano e que tem fila de espera de seis meses? Porsche Taycan 4S.

O modelo custa entre 700 mil e um milhão de reais e foi o escolhido por cerca de 160 abastados consumidores. Automóveis 100% elétricos representam somente 5% das mais de 21 mil unidades vendidas este ano no Brasil.

Apesar desse incrível paradoxo, a procura por veículos eletrificados (elétricos e híbridos) cresceu, em 2021, 91,4%, pulando de 11.179 unidades de janeiro a agosto do ano passado para 21.397 comercializadas em todo o país. Quase 60% são híbridos elétricos não plug-in (HEV), com motor flex a álcool, gasolina ou diesel, e cerca de 36% são de híbridos elétricos plug-in (PHEV).

Marca Porsche lidera a opção dos brasileiros pelos elétricos (Foto: Divulgação Porsche)

Os puramente elétricos (BEV) representam apenas5% desse total. O mais vendido entre os híbridos HEV é o SUV Toyota Corolla Cross, com quase quatro mil unidades, e o Volvo XC 60 T8 é o líder entre os PHEV, com mais de 700 unidades.

Os veículos eletrificados (elétricos e híbridos plug-in ou não) ainda representam muito pouco (somente 2% do total de automóveis vendidos no país), mas é o dobro da participação registrada no ano passado (1%) e muito precisa e poderia ser feito para a maior conscientização e opção do brasileiro por um veículo menos poluente. Potencial existe, pois, se o modelo 100% elétrico mais vendido é um de alto luxo e desempenho esportivo que custa cinco ou seis vezes mais do que as opções “populares”, por que não se vende mais dos “baratos”?

Talvez porque quem tem esse recurso pensa duas vezes antes de aplicá-lo na compra de um veículo. Ainda mais se pode comprar o mesmo modelo com motorização convencional por 60% do valor e não se preocupar com os possíveis locais de recarga de bateria.

Híbridos começam a ser cada vez mais procurados no Brasil (Foto: Divulgação Porsche)

O número de postos de recarga elétrica no Brasil mais que dobrou este ano, de 350 para 754 eletropostos públicos e semipúblicos no final de julho e não inclui os pontos de recarga em edifícios residenciais e comerciais privados.

Infelizmente, precisaria haver maior interesse e ações dos governantes para incentivar e orientar o consumidor a optar pelos veículos eletrificados. Com preços a partir de 150 mil reais, fica difícil convencer o público a optar pelo eletrificado e ajudar na preservação ambiental se ele pode se locomover gastando “apenas” 30% desse valor com um modelo flex de entrada.

Na cidade de São Paulo – que possui quase 20% da frota nacional de eletrificados –, em junho passado, o prefeito Ricardo Nunes assinou o projeto de lei, aprovado na Câmara Municipal, que permite aos compradores de veículos elétricos e híbridos usar os créditos de IPVA a que têm direito para abater débitos de IPTU (cerca de 50% do valor).

Mas é preciso muito mais. A alíquota de IPI que incide sobre os eletrificados vai de 11% e 25%, enquanto a de um automóvel flex é de apenas 7%. O consumidor está sendo estimulado a poluir e proteger o seu bolso e não a cuidar do meio ambiente e da qualidade de vida.

Entre os estados, São Paulo é o que concentra a maioria dos veículos eletrificados licenciados, com 35% do total. Minas Gerais vem em segundo, com 8,2%, seguido por Santa Catarina, com 6,6%. O Rio Grande do Sul aparece apenas na sexta colocação, com pouco mais de mil unidades vendidas.

A Toyota é a única fabricante com produção local de veículos eletrificados. Todos os demais são importados. Talvez esse seja o motivo de sua liderança esmagadora, com mais de 50% de participação.

A Volvo, que no Brasil passou a vender somente modelos híbridos elétricos plug-in, detém cerca de 25%, e a BMW, outros 5%. Os 20% restantes estão pulverizados entre diferentes marcas, inclusive de comerciais leves, como a BYD, que é a vice-líder entre os elétricos, com o BYD ET3.

José Carlos Secco é jornalista especializado na indústria automotiva e de transportes, diretor da Secco Consultoria de Comunicação, de São Paulo, com atuação inclusive na Serra Gaúcha.

Do mesmo autor, leia outro texto AQUI