Caxias do Sul 07/05/2024

O setor de franchising e os possíveis reflexos pós Covid-19

O mercado de franquias será um dos que se recuperará mais rapidamente dos impactos que a Covid-19 gerou
Produzido por Marçal Salatino Castilhos dos Reis , 06/07/2020 às 14:49:05
Foto: ARQUIVO PESSOAL

Evidentemente estamos passando por um período único. Horrivelmente único, sendo que desde 1918 não se via nada parecido, mas que ocasionará uma série de mudanças em nossa sociedade e economia.

Desde relações sociais, até os mais complexos elementos do comércio e da indústria serão afetados pela pandemia da Covid-19. Prever os próximos passos será praticamente impossível, o que torna a preparação para o imprevisível uma tarefa árdua.

Porém, a análise de cenários para determinados setores da economia é mais confortável, uma vez que os movimentos durante e, consequentemente, pós-pandemia, estão caminhando para um destino único. Não sabemos quando a pandemia irá passar, mas sabemos que, sim, iremos sair dessa fase nebulosa em nossa existência como humanos dentro do planeta Terra.

Prevendo cenários, de uma forma lúdica, e dentro do prospecto do empreendedorismo, um dos setores que possivelmente se movimente positivamente pós efeitos pandêmicos é o setor de franchising.

Mas quais impactos serão benéficos para o setor?

Começaremos pelas locações. Os impactos gerados para shopping centers e locadores em geral fizeram-nos analisar o formato de negociações e, principalmente, viabilidade de implantação.

Esclarecemos: devido ao fechamento de mais de 15 mil operações dentro de shopping centers no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings, das quais estima-se mais de 12 mil no sistema de franquias, cumuladas com mais de 10 mil unidades de franquia em pontos localizados fora de shoppingcenters, as negociações tendem a ficar mais acessíveis e flexíveis a implantações de novas operações. Os números são estimados em junho/2020, podendo sofrer ainda drástico aumento.

Tudo isso, sem dúvida nenhuma, tende a levar os shopping centers a flexibilizar o valor de CDU, e principalmente do valor do metro quadrado para viabilidade de novas operações. Da mesma forma, as locações comerciais, fora de shopping centers, tendem a seguir no mesmo caminho. Em relação às franqueadoras, a dúvida versa a respeito dos reflexos na captação de novos interessados em suas operações.

Infelizmente, devido à pandemia do novo coronavírus, muitos empregos foram perdidos. E havendo esperança após os eventos pandêmicos, essas pessoas tendem a procurar recolocação no mercado de trabalho, ou empreender. E empreender é buscar alternativas dentro da economia e, principalmente, contar com fórmulas já consagradas de sucesso e know-how garantidos, ou seja: franquias.

Portanto, franqueador, nesse momento único de crise e incertezas, aperte o cinto, ajuste seus processos, reveja e aprimore custos com fornecedores, adeque suas condições para uma implantação mais enxuta e menos onerosa a seu franqueado e prepare-se, pois o mercado de franquias possivelmente será um dos que se recuperará mais rapidamente dos impactos que a Covid-19 gerou.

Por fim, sabemos que a sociedade atual não será mais a mesma e aqueles que souberam se ajustar a ela, alterando hábitos, conexões e até costumes, respeitando valores como sustentabilidade, solidariedade e transparência, certamente serão recompensados.

Marçal Salatino Castilhos dos Reis é advogado, sócio da SRB Advogados Associados, especialista em Franchising e atuante na área do Direito Empresarial