Caxias do Sul 18/05/2024

Fontes alternativas reduzem a dependência das hidrelétricas

Brasil amplia participação de termelétricas a gás natural, energia solar, eólica, geração de biomassa, e já há estudos para aproveitar o lixo que produzimos
Produzido por José Emílio Steffen , 15/02/2023 às 09:39:33
José Emílio Steffen é consultor de negócios da caxiense Perfil Energia
Foto: Emanuele Freitas

O cenário energético brasileiro em 2021 foi bastante desafiador, pois corremos o risco de falta de energia no país. Porém, os índices de precipitação (chuvas) voltaram a aumentar ao final de 2021 e, ao longo de 2022, em volumes mais do que suficientes para chegarmos em 2023 numa situação bastante confortável.

Ao final de janeiro deste ano, os níveis médios dos reservatórios estavam em 73,1% (dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico), situação que não se verificava há 11 anos. As previsões dos institutos de meteorologia são de que, a partir de março/abril, o “La Niña”, fenômeno que tende a produzir volumes de chuvas expressivos nas regiões em que temos grandes reservatórios, enfraqueça e, portanto, teremos chuvas abaixo da média histórica no restante do ano. Porém, em razão dos níveis de armazenamento atuais, a expectativa é de que teremos um atendimento energético sem sobressaltos ao longo do ano.

Para reduzir a dependência de geração hidrelétrica e do regime de chuvas, outras fontes de energia elétrica têm sido incentivadas. O Brasil é um país rico em recursos naturais que podem ser explorados, preservando as condições socioambientais. Além disso, a condição do sistema elétrico nacional, que interliga o País em uma subdivisão de 4 regiões, proporciona uma melhor utilização das fontes energéticas disponíveis, como é o caso da eólica no nordeste e no sul, a hídrica mais localizada no sudeste/centro-oeste e norte, a nuclear no sudeste e, por fim, a solar, que permeia o Brasil inteiro.

Não podemos esquecer das usinas termelétricas a gás natural, que são muito importantes para a matriz elétrica nacional. A entrada de novas fontes alternativas reduz a dependência do sistema às hidrelétricas, pois dá condições do Operador Nacional do Sistema/ONS de preservar os reservatórios. O fato de ainda dependermos das hidrelétricas não é preocupante, mas a forma de operação do sistema deve ser realizada olhando todo o potencial da matriz energética, avaliando a geração intermitente (eólica/solar) e colocando as térmicas para gerar com antecedência necessária, de forma a preservar os reservatórios.

Além da fonte solar que, no último ano, mostrou um crescimento considerável, próximo de 70% em relação ao ano anterior (dados da Absolar), a eólica também apresenta um potencial de crescimento tanto “on shore” (no continente) quanto “off shore” (no mar), sendo que essa última está passando pela aprovação da regulamentação de instalação. De forma mais acanhada temos a geração por biomassa com potencial de crescimento. Uma vez que já existem usinas com insumo de bagaço de cana, casca de arroz, pellets de madeira e outros, nesse contexto, por que não aproveitar o lixo que produzimos? Nesse caso, são necessários maiores estudos e de regulamentação pontual.

Uma boa gestão de energia é importante para redução de consumo, contribuindo para uma melhor eficiência e redução de custo, além de postergar a necessidade de novas usinas de energia. Falando em redução de custo, o Mercado Livre de Energia, que representa 36,4% do total do consumo nacional (dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica-CCEE), apresenta-se como uma excelente oportunidade, pois tem-se a opção de escolha do fornecedor, previsibilidade, preço e condições de pagamento. Portanto, o próprio cliente irá definir o fornecedor que melhor atender aos seus interesses.

Hoje, para se ter acesso ao Mercado Livre de Energia, existe a regra de ter no mínimo 500 kW de demanda contratada. Porém, a partir de 2024, todos os clientes de alta tensão poderão ter acesso a esse mercado. Além disso, já está em discussão no Congresso Nacional a liberação desse mercado para todos os clientes, inclusive de baixa tensão, seja residencial, comercial e até mesmo rural.

Olhar para as fontes alternativas de energia elétrica, diversificando nossa matriz, é pensar na sustentabilidade ambiental e econômica da sociedade. O futuro agradece.

José Emílio Steffen é consultor de negócios da caxiense Perfil Energia, maior empresa de gestão de energia independente do Sul do país.

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